O Anjo - Capítulo 12: Fuga

Depois de semanas felizes na casa de Joseph, meus pais descobriram aonde me escondi e começou o inferno novamente. Eu parei inúmeras vezes e me perguntei quando realmente seria feliz nessa vida. Já estava com 6 meses de gravidez e não tive outra escapatória a não ser fugir novamente.

Joseph me deu dinheiro para me manter. Eu seria eternamente grata aquele homem bom que me acolheu quando mais precisei de amparo, diferente de minha família, que forçava-me a permanecer ao lado de Charles. Quando fugi da casa de Joseph, ele havia me dito que meus pais estariam vindo com Charles para me buscar, mas eles não me encontrariam novamente, nunca mais.

Na viagem de trem, eu soube que em Ashland havia um refugio para viúvas da Guerra Civil, e seria lá que eu teria meu bebê.
Ao descer do trem, eu pequei minha pequena mala e fui ao local indicado para as viúvas. Lá eu fui recebida pela Sra. Madalena Willow, onde eu percebi que a semelhança não era por acaso, ela era viúva do Major Willow, aquele homem que convocou Charles para ir à Guerra, aquele Major foi responsável pelos meus tempos de céus naquele inferno.

A senhora Madalena me deu as boas vindas ao refugio.

- Bom dia pequenina. Espero que esteja superando bem a perda do seu marido. – Eu suspirei e fingi tristeza. – Aqui você poderá usar seus conhecimentos, sejam eles culinários ou intelectuais para ajudar na criação das crianças órfãs. Estamos precisando de uma professora e você tem um rosto que diz ser de uma pessoa inteligente.

Aquela senhora acabaria de me dar o maior presente nestes últimos tempos depois de meu pequeno bebê. Ela realizaria meu sonho de lecionar, ser professora.

- Obrigada senhora! – Eu sorri para a senhora Madalena. – Eu quero sim lecionar para suas crianças, para mim será uma honra. Meu sonho sempre foi ser professora. – Eu acariciei a minha barriga.

- Vejo que seu marido lhe deixou companhia pequena. O que seu coração diz que é seu bebê? – Eu sorri para aquela senhora, que já parecia uma mãe para mim, a minha mãe Anne, que desejava me ver no inferno já não existia mais.

- Meu coração diz que será um lindo menino. Meu pequeno Daniel. Eu sou a pessoa mais feliz, mesmo estando nessas condições, pois ele está comigo. – Fui realmente sincera, pois o pequenino estava seguro em meu ventre e logo estaria comigo, nos meus braços.

- Bonito nome. – Ela me tirou de meus pensamentos. – Vamos, seu quarto é esse aqui! Ficará junto com as outras mulheres de sua idade. Se quiser dar aulas para as crianças, pode começar agora mesmo!

E era isso que iria fazer. Deixando minha mala no quarto, sai procurando pelas crianças naquele local. Encontrei 5 apenas. Ambas com 7 anos. Uma idade fácil para se ensinar. Seus nomes eram Angie, Mell, Lisy, Merye e Claire.

Eu passei o resto de minha tarde ensinando e contando histórias para as pequenas meninas que acariciavam minha barriga com ternura.

Após jantarmos, as cinco vieram até meu quarto e pediram para eu contar uma história para ambas dormirem.

Eu contei a história da Branca de Neve, onde todas gostariam de ser a princesa a espera de seu príncipe encantado para vencer a bruxa e libertá-la de seu feitiço.

À noite, deitada em minha cama eu falei com meu pequeno bebê.

- Meu amor, estamos seguros aqui e ninguém nos fará mal. – Em resposta ele chutou lentamente meu vente.
Os sonhos com o príncipe encantado de meus sonhos não demoraram a vir, e neste sonho foi especial.

“Esme... em breve, muito breve, estaremos juntos, assim como o príncipe libertou Branca de Neve de seu feitiço, eu te libertarei do seu, minha amada pequena...”

Depois desse sonho, eu me virei e perguntei se meu príncipe estaria mais perto do que eu imaginava.
Estava feliz por ter meu bebê, por poder ensinar, por estar segura.
Me perguntei até quando tudo isso duraria? Faltavam apenas alguns meses para meu bebê vir ao mundo. A luta por ele valeu a pena.

Acordei no meio da noite, pequei meu caderno de anotações e comecei a escrever, depois do sonho.

“Príncipe,
Eu não sei quando aparecerá
Não sei se existirá
Apenas sei que a mim amará

Assim como o fogo consome o gelo
Consuma meu coração
E numa infinita emoção
A tu pertencerei”

Ao lado de minha cama eu coloquei meu caderno e voltei a repousar, pensando nele, e na vida feliz que em breve terei com meu filho.

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