Estava frio. Estava muito frio. Oh, meu Deus, eu estava congelando! Onde estava John que não chegava? Uma nuvem soprou-se de meus lábios quando minha respiração teimava em irromper-me a garganta. Eu conseguia sentir meu pulmão pesado, sendo forçado a puxar o oxigênio. Maldita doença. Sentei pela décima vez no chão do celeiro e puxei um pedaço de madeira que estava jogado ali. Meus dedos o seguraram fraco, colocando sua ponta no chão onde se escondia uma boa camada de areia. Remexi meu punho formando círculos e formas abstratas no chão, na areia abaixo da palha amarelo escuro. E meus olhos claros fitaram o nada, e depois de alguns segundos voltaram-se ao chão como quando alguém procura desesperadamente algo. E notei que onde o pedaço de madeira movia-se, dava contorno vívido às palavras: “Victoria e John”. Que engraçado. Há algum tempo atrás, nem imaginaria escrever tal coisa em qualquer lugar. Eu repetia em minha mente os nomes. “Victoria e John”. E lembrando de John ─ como se fosse possível esquece-lo… ─ recordei-me que não o via há mais ou menos uns cinco dias, e que só me respondera a carta que lhe mandei por intermédio de um moleque de recados. Um suspiro seco forçou meu pulmão e eu senti meu peito doer. A fumaça de ar gelado escapou de minha boca e mais uma vez eu tossi. Será que estava piorando? Maldita doença.
“Morgan? Victoria Morgan está aí?” Indagou uma voz fria no lado de fora. O rangir da porta de madeira sendo forçada me alertou que alguém tinha chegado. Seria John? Mas, que estupidez a minha… É claro que seria John, quem mais poderia ser? Levantei-me cambaleando pálida e chutando o chão de areia, fazendo a poeira se levantar para apagar qualquer vestígio que um dia, nossos nomes possuíram aquele local. Meus pés tropeçaram-se e eu cheguei sem fôlego na porta de madeira e puxei seu tranco, fazendo-a rangir mais do que o normal ao escancarar-se. Mas, aquele não era o meu John. Seus olhos não eram os amendoados olhos topázio que eu esperava. Eram olhos rubros. Olhos que tragavam minha alma como um precipício sem saída. Mas, logo percebi que meu John não estava sozinho. Atrás dele, uma pequena figura pálida se escondia envolta em uma linda e acetinada camisola branca. Seus dedos apertavam a roupa de John, puxando-o para si como se me dissesse que ele lhe pertencia. E foi assim. Num súbito movimento, os pequenos braços da criança que antes pareciam temerosos, desvencilharam-se de John e lançaram-se ao redor do meu pescoço como se não se contentassem apenas com as roupasdo homem de meu coração, e me quisesse para sua posse também. E o inesperado… O osso invadiu a carne e o fogo invadiu o meu corpo. E eu estava caindo. Caindo num poço de lava, num vulcão em erupção. Apenas a dor e o fogo estavam lá. Apenas meus olhos de rubi.
Autora: Susy Victoria
1 comentários:
goostei muito dest fic muito legal d+
amei amei amei
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