Paradise Spring - Capítulo 03: Eu Só Quero Viver

[Renesmee]

- Demetri? O que você tá fazendo aqui? Você é louco! Não devia estar em Paris? Com Felix e Christine, e suas irmãs! - Eu ri enquanto me sentava na cama. - Não que você não seja bem vindo, é claro.

- Não posso visitar uma velha amiga? Além do mais, tenho certeza de que Felix e Christine estão se divertindo bastante. - Ele sorriu de forma maliciosa, enquanto escondia uma das mãos atrás das costas.

- Claro que pode. Bem, se você diz que se divertem... então está bem. - Fingi não ter entendido o que ele quis dizer, e lhe dei um beijo na testa, da mesma forma que eu fazia há algum tempo. - O que você está escondendo de mim?

- Ah, são para você. - Ele disse, enquanto me mostrava um enorme bouquet de rosas vermelhas e brancas, Demetri me parecia um pouco envergonhado com isso, mas ele não evitava sorrir.

- Oh, puxa! Obrigada! - Eu o abracei. - Muito obrigada! São realmente lindas... ah, minhas preferidas.

- Não precisa me agradecer. - Ele baixou a cabeça, e eu pude jurar que se ele ainda tivesse fluxo de sangue no corpo estaria corado. - Eu as colhi no caminho, e bem, não foi nada demais. Mesmo. Ah, quase me esqueci! Meg mandou lembranças.

- Eu poderia pedir que você transmitisse as minhas de volta a ela, mas não creio que você voltará tão cedo para Paris... - Eu disse de uma forma maliciosa, mais baixo do que o natural, ah, Renesmee! Soou mais idiota do que sedutora! Argh! Pelo menos, eu consegui fazer com que ele ficasse mais uma vez sem jeito. Sério, vindo deste Volturi, eu imaginava que envergonhá-lo não seria algo tão fácil assim. Como será que era quando ele era humano? Será que se envergonhava fácil assim? Ah, Nessie, você fala como se ele tivesse assim pura e simplesmente por você! Quantas mulheres, ou vampiras, como queira, ele não poderia ter quando era um deles, um Volturi? Qualquer uma que desejasse! Não há motivo algum para se encantar por mim, uma simples meia-vampira, que nem bonita é! Okay, já chega, papai deve estar ouvindo isso.

- Hm, isso foi um convite? - Ele arqueou uma sobrancelha. - Não devia me oferecer convites assim, eu posso aceitar...

- É, bom, hã...

- Não esquente, Ness, tava só brincando. Ah! Eu posso descer para cumprimentar o resto da sua família?

- NÃO! - Falei um pouco mais alto do que eu deveria, lembrando-me da confusão no andar de baixo. -Quero dizer, melhor não agora. Que tal uma caminhada no Bosque?

- Acho que seus pais não iriam gostar disso...

- Eu me entendo com eles.

- Bom, neste caso... Está bem. Primeiro as damas. - Ele gesticulou para a janela. Não perdi tempo, e saltei; Demetri veio logo atrás de mim.

- Para onde vamos?

- Me dê a sua mão, é uma surpresa. - Ele recuou um passo. - Venha, eu não mordo! - Brinquei, e ele riu.

Segurou minha mão, e nós corremos em disparada para o Bosque mais profundo. Só parei quando avistei a caverna que Tia Alice citara ser bela, quando chegamos aqui. Não relutei a entrar nela.

Seu interior era coberto de prismas e cristais, devido à quantidade de estalactites, e estalagmites, mas ainda assim, era muito bonito de se olhar.

- E então? O que achou daqui?

- Ah, é muito bonito... é linda... - Demetri terminou a frase mais baixo. - Como você...

- O quê? Que foi que disse?

- Nada.

- Você disse que sou bonita. Eu te ouvi dizer linda. Não sou louca, sei o que ouvi.

- Eu... Eu... Eu... Disse. - Ele confirmou nervoso; fazendo com que minha cabeça girasse, e eu começasse a pensar bem nas coisas. Tantas coisas. A voz. A voz que eu ouvi há muito tempo... eu estava... em um lugar muito escuro, muito frio... estava com muito medo, mas aquela voz fez tudo passar. Aquela voz me ajudou. E eu tinha certeza de que aquela era a voz de Demetri, agora eu tenho certeza. E há mais tempo ainda, em algum outro sonho, o qual eu... estava vestida de noiva... o rapaz que falava comigo também era ele! Tenho certeza, tenho certeza! Mas não faz sentido... não éramos amigos, muito menos próximos um do outro naquela época. Ah, tantas perguntas, e nenhuma resposta coerente!

- Demetri. – Eu levei outro choque. - Você, há algum tempo... tentou me beijar, eu me recordo disso, e eu... gostaria de saber, se você ainda me vê somente como uma amiga?

- Amiga? Nessie, eu nunca te quis como uma amiga, você sabe disso! Você sempre que eu... Eu te amo! Desde aqueles primeiros momentos, eu te amo! Você sabe disso! - Ei, legal, Jacob se declarar para mim de manhã. Legal. Duas horas mais tarde Demetri se declarar para mim. Tenso. Definitivamente tenso. Não é todo dia que dois homens, realmente bonitos, se declaram para mim.

- Hã... - Fiquei sem fala.

Novamente, uma reação inesperada. É, ele me beijou. Era um beijo totalmente diferente do de Jacob, mas ainda era um beijo bom, era suave, e muito gentil, fato que me deixou pasmada, já que ele é um vampiro. Onde é que está toda a energia que os vampiros dizem ter? Eles não podem utilizá-la só para caçar! Da mesma forma com que aconteceu com Jacob, eu me agarrei a ele, e correspondi a seu beijo. Mas não da mesma forma que eu havia feito com Jake. Era diferente. Bem, primeiramente, por ele estar em pé, abracei-o apertado, e usei minhas pernas para ficar agarrada a ele, sem tocar no chão, enquanto eu o beijava fervorosamente. Ele finalmente pareceu entender o que eu queria, o que eu precisava, e segurou minhas costas para me manter em cima dele, enquanto continuávamos nos beijando, com pequenos intervalos somente para que eu pudesse respirar. Lancei meu corpo com um pouco mais de força sobre ele, e isso resultou que rolássemos um barranco coberto de folhas secas. Ah, não que este pequeno fato tenha rompido a nossa conexão. Continuávamos a nos beijar, cada vez mais apressadamente, com mais urgência, eu segurava com força seu ombro e seu cabelo, para mantê-lo perto de mim. Ele se mantinha agarrado às minhas pernas, enquanto nosso beijo ia se tornando mais intenso... mais intenso e... Epa. Curiosamente, Demetri rompeu a nossa ligação física, e me olhou com espanto.

- Me de-des-desculpe, Nessie... Eu não devia, eu não podia... – Ele não terminou, e saiu correndo para uma parte mais profunda do Bosque.

Não tive tempo para aproveitar o que havia acontecido para ficar nas nuvens, no mesmo instante, corri atrás dele, e, graças aos genes do papai, consegui alcançá-lo, e fazê-lo parar, bem na hora que vi que Demetri pularia um desfiladeiro, que possivelmente daria em algum lugar mais distante de Chicago.

- Espere! - Gritei, segurando seu ombro. - Não vá embora, por favor.

- Você não viu o que fiz? Eu te beijei! Isso é errado, sei que ama Jacob... - Ele começou a falar, mas eu o interrompi:

- Não, nós nos beijamos. E deixe Jacob fora dessa, se tiver alguma consideração por mim. E, além do mais, não vejo o que há de errado em um beijo. Foi só um beijo!

- Não foi só um beijo! Não viu o que quase fizemos? - Ah... Ele estava se referindo ao que quase aconteceu. Pela segunda vez ao dia. - Gostaria que aquele erro tivesse acontecido?

- Aquele erro? - Sim, sim, sim!, gritei em pensamento. - Quase "ficar" comigo seria um erro para você?

Ele se encolheu.

- Talvez fosse, não podemos fazer coisas deste gênero, se somente eu a amo... e seu coração pertence a outro...

- Já disse para não falar disso. - Eu o cortei, e dei um selinho, fazendo-o calar a boca. - Ainda têm dúvidas quanto a isso?

Ele ficou calado por alguns minutos, fitando o vazio, e eu me senti completamente estúpida ali.

- Ah, como eu fui idiota em acreditar em você! Eu seria só mais uma não seria? Mais uma para as muitas que tenho certeza que você já teve em uma coleção. Eu sou mesmo uma burra!

- Não, Nessie... - Agora ele parecia ofendido. - Você é a primeira. E a única.

Senti meu coração se agitar com aquela informação.

- Hm... Não sei se acredito no que diz. - Falei, decidida a não me ferir mais ainda.

- Eu não vou te forçar a nada, mas, por favor, tente evitar pensar naquilo que houve há alguns minutos, está certo? Eu realmente prezo as nossas cabeças. - Ele falou, e mais uma vez, tomei um choque de realidade.

- Ah, droga! Meu pai. Tinha me esquecido deste detalhe.

Argh! Maldição. Maldição. Maldição.

Que foi que fiz para merecer um pai leitor de mentes? Droga! Tenho certeza de que ele vai ver as duas vezes! Droga!

Me amaldiçoei milhares de vezes, bem feito, Renesmee!, gritei para mim mesma.

- Eu acho que tenho uma saída para nós. - Demetri falou.

- Qual?

- Tente pensar somente no hino da Polônia, quando ele estiver por perto.