Paradise Spring - Prólogo

[Renesmee]

Já haviam se passado dois anos desde que eu estudava ballet com Ennie. Eu já havia atingido a minha idade máxima. Dezessete anos. Dá pra acreditar? O tempo passou tão depressa.

Ennie e eu estávamos passando o nosso mês de férias na casa de meus avós, a Mansão Cullen, ou a conhecida “Casa Grande”.

Eu estava em meu antigo quarto, escutando a música tocada pela minha pequenina caixinha musical - um presente dele, Demetri. Era uma bela música. Eu a decorara de tanto ouvir, na verdade, ouvia todos os dias; era bom me lembrar dele, afinal, já fazia tanto tempo... Mas isso não importa agora. Tia Alice costumava cantar uma música em francês para esta melodia*, sempre que me via abrir a caixinha. Agora era uma rara exceção. Ela havia ido fazer compras com mamãe e tia Rose; pobres vampiras.

Enquanto eu ouvia, lembrava-me dos últimos anos. Eu sentia muita falta das francesas, e de Nick, é claro; com elas eu costumava confidenciar grandes segredos, rir de coisas completamente inúteis, ou insanas, e conversar. Ah, as “Tardes do Chá” era ótimas! Éramos boas amigas, uma família... quase. Mas eu sempre senti que elas me escondiam algo... algo muito importante. Ah, Nessie, não viaja, o que elas poderiam estar escondendo? A Pedra Filosofal?

Enquanto pensava, meus olhos brincavam ao ver a bailarina dançar; certa vez, quero dizer, no dia em que ganhei isto, Demetri me disse que ela era como eu. Uma bailarina. Isso é estranho, observar... sem acompanhar. Relaxa Ness, você tá de férias, é para relaxar e se divertir com a família, lembra?

Eu estava tão absorta que não pude ouvir a música parar. Tirei o meu medalhão do pescoço, e o coloquei no pequeno buraco da caixinha, enquanto o girava três vezes. A música retornou a tocar.

Após alguns segundos me peguei murmurando alguns versos da canção de Alice; pouco depois, me senti mais confortável. Calma. Mais do que o meu normal, mais do que eu deveria estar. Jasper, pensei.

Mas... Por quê...? Porque eu deveria ficar calma? O que há de estar acontecendo? Céus!

Então, alguém bateu de leve em minha porta, duas leves batidas. Pelo cheiro, percebi que se tratava de Esme.

- Pode entrar, vovó.

- Obrigada, querida - por uma fração de segundo, ela ficou assustada -, ainda não arrumou as suas coisas, Nessie?

Ah! É mesmo! Esqueci-me completamente da mudança; momento ao qual me enchi de tristeza. Eu vivia ali há tanto tempo, eu passei a minha vida toda ali. Cresci naquela casa, nasci lá. Isso não seria nada fácil.

- Eu me esqueci, vovó...

- Precisa de ajuda?

- Não, obrigada. Já vou arrumar. - Eu disse meio sem vontade.

- Anime-se, Ness. - Ela tentava me encorajar. - Chicago é legal, você sabe, Edward viveu quando era humano.

- Eu sei.

- Devo te deixar sozinha? - Ela perguntou cautelosa.

- Por favor.

Ela beijou minha testa, e saiu, deixando a porta entreaberta. Como se meu pai precisasse disso para saber o que estava se passando na minha mente.

Propositalmente, me demorei arrumando tudo, queria ficar ali o máximo de tempo que pudesse. A última coisa que peguei fora a caixinha musical, eu a levaria comigo. Levaria a única lembrança sólida de Demetri comigo, segura, em meus braços. Ela não seria encaixotada de maneira nenhuma.

Então eu disse Adeus. E tranquei aquela porta por alguns longos anos. Desci as grandes escadarias, e segui para a varanda.

*A melodia tocada é "In The Meadow", de New Moon.