Solitário - Capítulo 20: A Escolha

E então foi uma troca imensa de conversas, diálogos. Não pude reconhecer de quem pertencia cada voz, cada palavra – seria infantilidade me prender a quem pertencia cada palavra e não o que havia em cada diálogo, o que cada palavra significava.

“Eles podem vir e nos atacar pelo Norte, já que houve infiltração...”

“Mas agora os soldados terão de ficar alertas sobre os que entram na ilha.”

“A responsabilidade só tende a aumentar... mas cabe a todos cumprir com seu dever, zelar por cada canto, cada espaço, cada centímetro desta ilha.”

“É verdade, não aceitaremos mais falhas nesta guerra. Estamos em desvantagem por enquanto, não sabemos há quanto tempo eles estão esgueirados em nossas filas... eles podem ter conseguido acesso a várias informações importantes, e as ter transmitido para seus reais superiores...”

“Eles estão há três semanas conosco... é pouco tempo...”

“É tempo o suficiente para que eles tivessem acesso ao que quisessem. Eles fizeram amizades com soldados experientes em batalha, soldados que tinham uma conexão mais fortificada conosco da alta patente, do alto escalão.”

“Sim, claro. É de perfeita ajuda os mínimos detalhes sobre os infiltrados.”

“Iremos torturá-los se eles não falarem de bom grado?”

“Por que não? Precisamos que eles falem, por bem ou por mal. Eles terão de falar...”

“Pode não ser eficiente, precisamos de alguém maléfico, cruel e sádico o suficiente para que os façam sofrer sem ter a mínima gota de piedade por eles. Eles devem pagar por seus erros...”

“E existe mais alguém que precise pagar por seus erros? Não além destes novatos insuportáveis... mas, vamos lá... quem protegerá cada parte da ilha?”

“O Norte terá um total de seis bases para protegê-lo. Eles terão um árduo trabalho quanto as batalhas, elas serão sofridas nos próximos tempos. Serão sangrentas se não lutadas de forma correta, creio eu.”

“A Marinha está impedindo nosso comércio, a economia está prejudicada. Não temos tempo para angariar fundos todos os dias, as pessoas não tem de onde tirar o dinheiro nem para comer às vezes, quanto mais para pagar uma guerra...”

“Muitas pessoas estão perdendo muito mais do que dinheiro neste guerra, senhor Hilbert.”

“Eu sei, mas sem finanças, sem guerra. E sem guerra, sem vitória sob a União.”

“Todos aqui não precisamos saber sobre o que acontece um sem o outro, pois todos já sabemos. A questão aqui é: como proteger a nossa ilha... e isso no geral focando os pontos específicos...”

“Retornando, o Norte terá bases o suficiente para defender a ponta superior da ilha. Em cada base há três ou quatro batalhões, e a munição e armas estão em abundância. Não precisamos nos preocupar com isto, por enquanto. Precisamos de tática, estratégia.”

“Em todos os locais precisamos disto...”

“No Centro temos mais três bases, no Leste mais cinco, no Oeste mais quatro, no Sudoeste mais duas, no Sudeste mais quatro, e no Sul, mais seis. Nossos pólos estão bem protegidos. A costa litorânea voltada para o Mar é o nosso grande problema, os soldados estão patrulhando cada milímetro das nossas praias.”

“Então teremos maior vigilantes à beira mar... resolvemos.”

“As táticas, então?”

“Cercar sempre, nos manter a distância o máximo possível contanto que os rivais não nos ameacem radicalmente. Se isto acontecer, atacaremos. Antes disso, teremos de estudar quais são as reais possibilidades de ganharmos o ataque, quantos soldados estão envolvidos no ataque, por onde estão atacando... estas coisas de sempre...”

“Com certeza, e por isso digo que precisamos mais dos infiltrados do que nunca...”

“E os inocentes? Como ficarão?” finalmente minha voz retornou à minha garganta – eu estava aflito, preocupado com os que, sem nem ter o que comer ou onde dormir (algumas casas foram destruídas por conta de algumas batalhas), ainda teriam de sofrer. Alguns, talvez, nem queriam esta guerra, mas injustamente foram incluídos em meio a todo este corre-corre.

Todos pareceram se escandalizar com o que eu havia lhes dito.

“É claro, os civis. O que faremos?”

“Não sei, o que propõem jovem?”

“Bom, eles poderiam ser encaminhados para um outro local em que a guerra não esteja tão turbulenta como está por locais como aqui. Seria melhor assim... sabe, sem ter de se preocupar com as mulheres, as crianças. Creio que influenciaria menos na atuação do soldado no campo... sensibilizaria menos.”

“Mais uma vez o senhor tem razão, jovem... todos temos família, mãe, esposas, filhas... precisamos salvar, pelo menos, as que nos dão origem... é a única coisa que podemos fazer por hora.”

“Sim, de princípio me parece uma ótima ideia...”

“Sim, será melhor...”

“Parabéns meu jovem Whitlock, muito sagaz sua opinião sobre a guerra... importante, me orgulho do senhor” era o tenente-coronel Jackson, ele estava feliz com minha participação ativa nesta reunião – nas anteriores eu estava parcialmente presente: estava presente apenas de corpo, mas minha alma às vezes se permitia vagar lentamente pelos assuntos mais retrógrados da vida, mais inúteis.

“Obrigado, senhor” lhe respondi, olhando gratamente para os seus próprios olhos – eu realmente o via orgulhoso, feliz – “mas precisamos fazer algo. Ficar parado não ajudará em nada, precisamos agir.”

Olhei para todos na sala, encarei cada olhar preocupado minuciosamente. Parei uns segundos em alguns senhores, talvez esperando que minha feição preocupada, minha raiva pudesse ser compreendida por todos. Eu queria respostas hoje, e não queria que o dia de hoje fosse apenas mais um dos outros diversos dias de reuniões.

“Precisamos agir, e rápido. Quanto mais nos livrarmos da maldição da culpa no soldado, mais eficiente ele se torna para nós. Mais ele poderá atuar sem se preocupar com o que poderá lhe interromper ou lhe roubar a atenção.”

“Concordo com o Major, isto apenas nos trará benefícios.”

“E também não ficaremos marcados como severos criminosos por prender as pobres almas das mulheres e das crianças...”

“Não pense no que pensarão em nós, Rickmann. Pense nisto depois da guerra. Por enquanto, precisamos salvar os que são necessários para que esta guerra não tome proporções maiores do que as que estão previstas.”

“Mas ajudaria se pensássemos nessas co...”

“Não, não ajudaria pensar no que irão pensar ou dizer de nós por hora, devemos pensar em ações úteis, que irão nos trazer benefícios. E se o senhor pensa diferente do restante de nós, pode ir se juntar aos que serão retirados das zonas de perigo maior.”

“Claro que não, senhor, mas eu me preocupo com...”

“Pois então não se preocupe. Se preocupe com ações úteis, como por exemplo, de que região começaremos a evacuar as mulheres e crianças?”

“Da que estiver em maior risco as pessoas, onde a batalha estiver pior.”

“O Norte, indubitavelmente.”

“Mas qual de nós irá os guiar? Quem seria capaz de mantê-los em segurança numa travessia como esta?”

“Bom, posso pedir para que o meu excelente Major para que ele dispense soldados o suficiente para a travessia, então... eu ponho meus soldados à disposição do que for preciso, senhores. Eu realmente os ponho à disposição” o tenente-coronel Jackson disse a todos – ele também estava preocupado...

Ele olhou para mim à espera de aprovação ou rejeição de sua proposta – não há dúvida que eu estaria à sua disposição a qualquer custo, seja lá qual fosse a proposta.

“Claro que eu concordo com o senhor, tenente-coronel. Concordo plenamente com o senhor” lhe disse afirmando minha devoção, “e quero que o senhor saiba, e todos os demais senhores também aqui presente” – era bom não irritar ainda mais os que já estão passando por maus fatos, – “que como fui eu o responsável pela proposta, eu gostaria de me disponibilizar para levar os inocentes a algum lugar seguro.”

Todos me olharam espantados, assustados com o que lhes disse, mas então, procurando por conforto, olhei para o tenente Jackson, e lá eu encontrei o que eu precisava.

“Senhor? Me permite?” – ele era meu superior, eu tinha de pedir autorização para o que eu quisesse fazer, mesmo eu sabendo que eu teria sua aprovação incontestável.

“Claro, Major. É uma honra termos alguém tão corajoso e de boa índole como o senhor para fazer todo o percurso.” Ele olhou para baixo, estava ansioso, frustrado... eram tantos os sentimentos que eu via em seu rosto. Eu precisava acalmá-lo, ele precisava disto.

“Acalme-se tenente. O senhor, como todos os outros aqui presentes, deve saber que calma, acima de tudo, é o que precisamos manter presente todo o tempo ao nosso lado. Sem a consciência tranquila, o homem é capaz de fazer loucuras. E vá por mim, isto não é que queremos entre nós, não concorda?”

Ele não resistiu, como sempre, e sorriu às minhas palavras. “Claro que sim, meu jovem Major, claro que concordo, só espero não estar escolhendo a alternativa errada em te pôr em perigo, meu jovem. Você é valioso demais para nós...”

“Não estará, senhor, confie em mim. Estará concordando apenas em dar paz de espírito a um jovem que pensa nas coisas certas...” e então olhei ao senhor que, há poucos minutos atrás, estava dizendo se preocupar com o que as pessoas iriam pensar de nós quando tudo acabar.

“Bom, eu já lhe confio tantas coisas quanto eu as confio à minha esposa em Dallas, portanto, não tenho como não lhe confiar mais. Você é valioso demais para mim, mas se afirma tão profundamente ser capaz dist...”

Oh ow, agora ele me ofendeu... as cartas podem ter chego mais rapidamente do que eu até aqui, mas ainda assim eu cheguei inteiro... “Senhor, por favor... não me ofenda assim...” todos riram com minha falsa expressão de ofendido, “falso” por que era verdade, mas... ok...

“Major, por favor, não diga que ouviu palavras saírem de lábios que não se abrem...”

“Hmm... mas os lábios do senhor se abrem, e se mexem, senhor. O senhor estava me dizendo que não sou capaz nem ao menos de fazer isto?” fingi uma feição triste, realmente ofendida, por ser tratado deste modo. “É lógico que sou... a não ser que haja algum ataque surpresa, mas eu confio em minhas habilidades e treinamento que recebi aqui na base... por favor, não desacredite em mim!”

“Não desacredito, Major. Só não quero que o senhor sofra com acontecimentos súbitos, de última ocasião. Não gosto destas coisas...” ele olhou novamente para baixo, depois se elevou, olhou a todos terminando em mim, “mas se você se nomeia tão capaz assim, não tenho motivos para o fazer recuar. Tem a minha aprovação!”

“Obrigado, senhor, pela oportunidade.”

“Disponha, mas tome cuidado, caso contrário... bom, eu nem sei o que farei” o tenente Jackson estava preocupado comigo – mas, também, com outros que ao menos pensam no que está acontecendo lá fora, no mundo da nossa realidade.

“Não se preocupe, senhor. Tomarei cuidado, e farei o máximo possível para que almas inocentes não pereçam no meio da guerra.”

Todos bateram palmas, me cumprimentaram, logicamente sabiam que poucos são os que se oferecem de tão bom grado a uma operação que, aparentemente, não oferecia riscos algum. Muito pelo contrário, encaminhar milhares de pessoas a salvo para um local não é nada fácil. Ser responsável por mim mesmo já é difícil, quanto mais será por milhares de pessoas.

Após toda esta proclamação exagerada, toda a falação retornou – agora a minha volta, horripilantemente irritante.

“Meus parabéns, Major...”

“Você é muito corajoso, soldado...”

“Que bom termos o senhor conosco... ruim seria tê-lo contra...”

“Temos sorte em tê-lo aqui...”

Eu não estava gostando daquilo, estava terrivelmente irritante aquilo. Eu não suportaria, então tive de quebrar todo o sistema.

“Ok, ok, obrigado a todos” eu dizia apenas olhando a todos, sabendo que isto estava sendo enviado aos demais senhores, não ao tenente-coronel Jackson, o que sabia melhor do que qualquer um, o que eu realmente gostaria de ouvir dos demais, “obrigado, mas, então, se isto for acontecer mesmo, temos de montar as estratégias mais eficazes no transporte...”

“Não se preocupe, Major. Eu me responsabilizarei por encaminhar para cá o máximo de mulheres e crianças que pudermos alcançar. Meus soldados os acompanharão o percurso todo, e ainda tentaremos disponibilizar algumas carroças para que não sofram mais ainda caminhando” – eu ainda não sabia seu nome, mas era o mesmo soldado do Norte.

“Ótimo, obrigado. Irei escolher o soldado que se propor a me acompanhar, não quero lhes ditar este tipo de ordens. Senhor?” disse olhando em direção ao tenente Jackson, “o senhor me concede esta op...”

“Não me peça nada Major, o senhor tem a liberdade incondicional de fazer o que bem entender. Sei que não fará nada errado e sem pensar, fará sempre pensando pelo bem das pessoas... Major, o senhor tem a liberdade, compreendido ou precisarei lhe repetir mais isto quantas vezes?” o tenente me disse, ao fim, num tom de gozação.

“Bom, creio que precisará repetir toda vez que minhas ações forem ousadas quanto às dos demais soldados, senhor. Mas eu sou eternamente grato ao senhor por me dar esta liberdade, obrigado” e voltando aos demais, continuei. “Escolherei o que estiver disposto a correr o risco da travessia, e creio que uma cidade distante do litoral será seguro para as pessoas... qual cidade os senhores me propõem?”

Eles se entreolharam, pensaram, rugas e dúvidas em suas faces. Estavam pensando, eu apenas dizia a mim mesmo, pois estas caras estavam feias demais nos outros assuntos. Alguns conversavam entre si, buscando pela melhor opção que todos conheciam.

Finalmente, depois de longos cinco minutos – creio eu – esperando por algo, eles me responderam...

“Chegamos a uma conclusão. Que acha de Houston?” – o que acho? Uma péssima escolha... como eu poderia voltar justamente ao meu ponto de partida de toda esta aventura? Eu já não sabia se eu era capaz de ir até lá, enfrentar o meu demônio do passado... enfrentar novamente a face depressiva de minha mãe Mary, o olhar raivoso de meu pai Joe, a tristeza perene em Noah... dizer seus nomes era estranho, era como se... como se eles não fizessem parte de minha vida, como se nunca tivessem o feito.

Eu já não sabia o que eu estava sentindo. Eu estava anestesiado. Era tanto sentimento nas mínimas partes sensíveis de meu corpo: tristeza, saudade, remorso, raiva, esperança... E o pior, era tudo o que eu não precisava... eu não precisava voltar lá... eu não podia, não podia...

Eu não conseguiria encarar meus pais novamente depois de tudo o que fiz, e eu nem sei se o que eu fiz foi certo ou errado... eu apenas percebo agora que o que eu fiz e deixei de fazer não me cabe julgar se está certo ou não, apenas devo agir pensando pelos outros.

Este será o preço da minha guerra: centenas de mulheres acompanhadas de crianças que serão salvas em troca da felicidade de minha família – como se a morte de meu irmão e minha profunda depressão já não tivessem abalado a estrutura feliz da fazenda.

“Tudo bem com o senhor, Major?”

“Hãn... o quê?”

“Está tudo bem com você, meu jovem?” o tenente me perguntou ao meu lado – eu estava tão absorto em minhas recordações que não percebi o quanto grave estava meu físico cercado destes senhores. Havia pessoas aqui nesta sala que se preocupavam comigo, e que, no entanto, não sabiam nada de meu passado por eu não ser tudo o que eles falavam que eu era: corajoso. Eu tinha medo de enfrentar o fantasma de meu passado, medo de encarar aquelas mesmas caras que um dia eu as desapontei tão fortemente que já não sei se foram capazes de sobreviver. Eu sofro por saber que não sou o que penso ser.

“Bom, sim... está... tudo bem, é só que... Houston é uma cidade... bem... não sei... familiar...” meu modo triste de dizer preocupou mais ainda o tenente, fazendo com o que ele pusesse suas mãos em meus ombros.

“Jasper Whitlock, o mais jovem Major de toda a história militar americana. Nós nos orgulhamos de você soldado, eu me orgulho de você. Não precisa fazer nada do que está prestes a fazer, se está cidade lhe traz más lembranças, prefiro que fique longe então... foi você mesmo quem me disse que precisamos de soldados dedicados de corpo e alma ao que estão fazendo. Não quero que fique preocupado ou que outros acontecimentos lhe tirem a atenção.”

Ele estava sendo maravilhosamente amigável comigo, seu lado sensível fluindo aos poucos, sua confiança transbordando. Não, eu não poderia fazer isto, me acovardar justamente destas pessoas que foram as que mais acreditaram em mim. Eu já estava aqui mesmo, não me custava nada cumprir estas míseras ordens. Aliás, eu apenas precisaria levá-las a Houston, não precisaria ir de encontro aos meus pais, aos locais que marcaram os primeiros anos de minha vida.

“Tudo bem, eu irei assim que tudo esteja pronto e os inocentes estiverem aqui” – afirmar em voz alta fazia com que eu afirmasse mais fortemente toda a situação em minha mente.

“Mas Jasper...” o tenente tentou começar, eu o interrompi, tentando parecer o máximo confiante que podia aparentar.

“Não, tudo bem, sério. Irei quando tudo estiver pronto.”

“Ok, então, Houston é uma cidade distante do litoral e não está havendo guerra nenhuma por lá... lá é um lugar seguro...”

Todos concordaram e voltaram a falar sobre outros assuntos irrelevantes, eu apenas fui para o fundo da pequena sala e me sentei em uma cadeira solitariamente. Eu preferi assim, não ter quem me incomodar – até que o tenente-coronel Jackson assim o resolveu fazer.

“Jovem, tem certeza?”

“Logicamente que sim, senhor” lhe afirmei.

“Há algum problema com Houston?” ele quis saber.

“Não” – sim, sim, muitos problemas, eu afirmava repetidamente em minha cabeça –, “não, está tudo bem. Apenas... é que Houston é a cidade onde nasci, onde morei toda a minha vida... não sei se é bom o fato de estar voltando para lá, eu havia prometido sair de casa levando todo o mal de lá...”

“Mas...”

“Não interessa, senhor. É uma longa história, eu passei por muito já que eu desejaria nunca ter passado. Não vou deixar que estes assunto interfiram em meu resultado, está bem?”

“Jasper, meu jovem, um soldado só é um soldado se tem sentimento, se tem alma. Todos sofremos pelas mais diversas causas, e a única coisa que eu gostaria de saber é o motivo de você sofrer tanto quando ouviu Houston... eu gostaria de lhe ajudar...” O tenente tentou ser simpático, mas meu humor não estava mais para estas palavras...

“Não pode me ajudar, senhor. O que foi feito, foi feito, e ninguém os desfará... prefiro apenas seguir minha vida em diante, o que farei...” parei, olhei para sua face, e percebi o quão preocupado ele realmente estava comigo, ele também estava sentindo dor por me ver assim...

Para quebrar todo o clima pesado na sala, resolvi apenas perguntar uma última coisa para o tenente antes de encerrar nosso assunto, nossa noite.

“Senhor, está tarde e me sinto exausto. Eu gostaria de poder me deitar, posso?”

“Mas é claro, Jasper. Sinta-se a vontade, não perderá nada mais daqui. Creio que nada nunca sai daqui... Mas disponha, quero você inteiro por estes dias. Quero que você fique recomposto, saudável e descansado de todos os treinamentos. Em breve você terá uma viagem e uma grande responsabilidade na qual eu creio cegamente em que você é capaz de liderar. Vá, meu jovem!” ele me disse, por fim, se levantando de minha frente e fazendo apenas o sinal para a porta ao fim de seu discurso.

“Obrigado. Amanhã retornarei de manhã com o nome do soldado que me fará companhia” lhe respondi me levantando, e indo em direção a porta já, o tenente ao meu lado.

“Não se preocupe com o horário, creio que você saberá me encontrar facilmente por aqui. Eu não saio muito, você sabe disto.” Como sempre, o brincalhão.

“Sim, eu sei onde encontrá-lo, senhor. Ok, obrigado por tudo.”

Então apenas saí e fui de volta ao alojamento. A maioria dos soldados ainda estava acordada, alguns jogando baralho, outros apenas fumando. Eu tinha de perguntar a todos para saber quem iria gostar de me acompanhar, mas, preferi fazer algo primeiro. Fui em direção a apenas um, ao único que me compreenderia e concordaria no que fosse preciso, seja lá o que enfrentaríamos pela frente: Julio, meu grande amigo.

2 comentários:

Lucas' disse...

Tá quase!

miriam vilela disse...

FICA QUETO!!

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