Solitário - Capítulo 32: Monterrey

Uma pequena fração de tempo nos foi necessário apenas para descer até o Norte do México. Do alto de uma montanha pudemos ver Monterrey com perfeição – Lloyd a viu bem antes de todos nós, e nem era preciso que eu dissesse isso!

Monterrey até que é uma cidade muito bonita. Uma montanha muito, muito grande se encontra quase que ao centro da própria cidade, o que me deixou intrigado.

Como é que alguém consegue morar com uma montanha sendo sua vizinha? Tudo bem, eu sei que há pessoas que MORAM em montanhas, mas cá entre nós, olhar pela janela e ver só um monte de terra não deve ser a melhor das sensações!

Ok, o problema é deles se eles moram do lado, em cima ou até embaixo da montanha, fato é que eu gostei do ar dessa cidade. Ela é... hmmm, aconchegante!

Por via das dúvidas, nós todos, os vinte e três vampiros, corremos o máximo que pudemos. Logicamente que mantive a dianteira logo atrás de Maria, Nettie e Lucy. Elas comandavam o rebanho por geral, mas era eu quem tinha sido o responsável por eles.

Fiz questão de manter todos próximos a mim. Ver vampiros correndo pode não ser algo fácil de conseguir, mas vinte e três em apenas uma vez... Bom, aí a possibilidade de alguém achar que zumbis, fantasmas e lobisomens com certeza aumentará em 100%.

E ter essa notícia, mesmo que estranha e surreal, de que zumbis, fantasmas e lobisomens estão soltos correndo por aí não agrada a ninguém. A mim não agrada!

Todo caso, tentamos fazer jus aos nossos treinamentos mantendo nossa identidade invisível a seja lá quem quer que fosse que aparecesse do nada. E se alguém aparecesse... Janta!

Mal decidimos descer a encosta e já recebemos boas-vindas de um vampiro – creio que entendam que essas “boas-vindas” foram irônicas... O rapaz, que não aparentava passar dos 15 anos, apenas ficou parado à nossa frente. Legal! O babaca vem e nada de falar? Timidez? Nem um pouco!

Olhei de canto para Maria e rapidamente percebi o que ela estava querendo me perguntar: se ele estava blefando ou não. Acenei afirmativamente com a cabeça, e então ela não esperou a boa vontade dele.

“Você!” ela chamou por que ele estava olhando para os lados, “quem é você e qual seu nome?”

Ele olhou desafiadoramente para ela. Não estava com a mínima vontade de responder. Rosnei em resposta, o que o fez perceber que, se ela queria a resposta, ela teria a maldita da resposta. Ele não gostou muito, mas respondeu – de mau gosto, devo acrescentar...

“Meu nome é Carlos Antônio, e quem são vocês?” Rude, idiota! Sua mãe não te ensinou bons modos? Aparentemente não!

“Meu nome é Maria, e essas são Nettie e Lucy” ela disse apontando para as duas em cada lado de seu corpo. Ele demorou um pouco com a Nettie, sabe-se lá o motivo... só sei que seus sentimentos de selvageria se transformaram em uma quase tranquilidade – e olha que nem foi preciso que manipulasse.

“Muito prazer senhoritas” ele disse a todas, mas percebi que a intenção na verdade foi só de falar para Nettie, que por acaso, mal notou que ele estava sentindo ‘algo’ por ela... Acho que quanto mais velha se fica, mais lerda se fica também... Nettie é uma prova disso!

“Então” Maria começou quebrando o silêncio, “você está com quantos aqui? Você é sozinho?”

“Ah, não” ele respondeu como se tivesse sido pego de surpresa – nunca vi um vampiro ser pego de surpresa, mas este! Ah este era muuuito estranho. “Estou com mais alguns por aqui. Moramos aqui já faz um bom tempo. Andrés e Pedro estão aqui há muito mais tempo que qualquer outro, mas os outros são um pouco mais recente. Estamos há menos tempo que eles, pelo menos.”

Maria me olhou de um jeito que, mesmo sem saber ler mentes, eu saberia que ela estaria dizendo: ‘Esse cara tem problemas!’ E eu responderia que ‘com certeza tem!’

O tal do Carlos chegou bravinho e depois foi amansando... Sim, ele tem problemas – apesar de eu não chamar isso de problema por enquanto. Só de amor!

“Andrés e Pedro? Vocês estão em quantos aqui ao todo?” Nettie lhe perguntou.

Pausa. Mas do que uma pausa. Uma pausa muito longa.

Para humano não teria passado mais que meros dois minutos. Para vampiros, uma pausa muito, muuito longa!

Ele finalmente pigarreou e tentou – sim, tentou – continuar. “A gente... quer dizer... nós, err... então...”

“Os Volturi arrancaram sua língua moleque?” Lucy se irritou com a falta momentânea de palavras de Carlos.

“Não, não arrancaram” disse ele em resposta, mais uma vez com a fúria voltando à tona – sem problema, é só mandar a Nettie falar de novo! O problema seria esse e só... “Somos no total onze. Andrés e Pedro são nossos... humm... mestres... comandam o nosso grupo. Mas, me desculpe a curiosidade, por que perguntam?”

“Você tem como nos levar até eles?” lhe questionei.

“Olha... até dá pra mim levar, mas vocês são muitos. Isso meio que vai contra tudo o que aprendemos por aqui. Vocês são muito fáceis de encontrar nesse bando assim...” – na verdade, ele não queria nos levar até os malditos, mas não há nada que eu não possa dar um jeitinho...

“Por favor, nos leve até eles. Precisamos conversar com eles!”

Ele, instantaneamente, sentiu algo por seu corpo. Não sei se chegou a reparar que eu estava o manipulando, mas fato é que ele simplesmente respondeu animado. “Sim, vamos!”

Maria teve de conter uma risada, mas Nettie me olhou como se me repreendesse. Deus, mulheres... O que é que eu faço com esses bichos estranhos? Segundo atrás nem ligava se o moleque existia ou não, e agora me vem fazer dessas?

Tsc tsc tsc... mulheres...

Mesmo assim, fomos todos juntos pelos subúrbios da cidade, andando com a máxima cautela que um vampiro já poderia ter. Não havia barulho de vampiro algum – só ocasionalmente eu podia ouvir algum objeto se mexer dentro das casas. Curioso, resolvi perguntar o motivo daquilo tudo.

“Hey, por que está tudo tão silencioso?”

“Sim, eu também iria perguntar isso!” Nettie me disse. “Estou curiosa, sabe” – sim, seus sentimentos não mentem para mim, baby!

“Ah sim, é que hoje é dia de uma festa popular no lado Leste da cidade. Todos vão para lá neste dia. Eles comem, dançam e se divertem” Carlos respondeu alegre.

“E vocês? Não se divertem também?” Nettie perguntou.

“Sim. Nos divertimos quando eles voltam!” ele respondeu, e então percebi que mesmo se Nettie lhe xingasse, ele ainda estaria sorrindo com essa cara de peixe morto para ela.

Nettie deu uma risadinha, e Maria me olhou como se me pedisse para dar um jeito nos dois. Mas eu não podia fazer nada por agora. Não era necessário. E Lucy... bem, Lucy estava com Daniel de mãos dadas tão felizes que, em outra ocasião, facilmente eu afirmaria que eles estão correndo para um maravilhoso e ensolarado dia de praia.

Fora isso, tudo estava bem. Por enquanto.

Ninguém podia nos ver agora ou notar a nossa presença, pois estávamos correndo numa velocidade além da capacidade humana de nos enxergar. Talvez apenas vissem borrões, ou sei lá o quê que pode ser extremamente rápido ao ponto de nem se enxergar.

E se caso nos enxergar, eu os aconselharia a sair correndo o quanto antes – não que conseguiriam fugir, não é... Mas a situação vai ficar feia logo, logo!

Entramos finalmente em um ponto escuro, sombrio e fedido da cidade. Deus sabe da onde vinha aquele cheiro, mas pode-se ter certeza que ninguém ficaria ali por muito tempo com aquilo. Devia ser por isso que eles se mantiam lá: escudo fedido contra outros vampiros.

Eu só queria saber como é que eles aguentavam aquele cheiro horrível! Nettie foi mais veloz e perguntou primeiro – o tal do menino derretido de amor por Nettie se derreteu ainda mais com os sinos de sua leve e delicada voz.

“Urgh... isso fede... é aqui que moram?”

“Nós nos acostumamos com o tempo. Você vai ver, daqui a um tempinho você estará completamente acostumada com isso. E nem precisamos do olfato muito por aqui... pelo menos nessa região aqui, não precisamos...”

Continuamos correndo. Para frente e avante! Era o que eu poderia gritar a cada segundo, mas eu saberia que Maria não ficaria feliz com esse meu comportamento.

Em um beco, num subúrbio ao sul da cidade, havia uma porta de antigas madeiras quase verdes. Isso me cheirava a mofo... Isso era mofo! Urgh...

Pelas dobradiças se descobria que era, não só um esconderijo de vampiros, mas um local onde deveria ter uma imagem “humana” repugnante o suficiente para que ninguém entrasse ou desconfiasse de nossa raça.

Carlos parou a nossa frente.

“Fiquem aqui, chamarei os outros” ele disse – mais à Nettie do que aos outros, mas tudo bem...

Esperamos poucos minutos, e então demos de cara com dois homens muito velhos. O mais alto e de barba e cabelos cinza usava roupas longas e escuras. O menor, quase sem cabelo e sem barba alguma, vestia roupas mais curtas. Ambos vestiam calças – lógico – e blusas escuras. Sob a blusa, um casaco também escuro.

Sem saber o que aconteceu ao certo ou como aconteceu, percebi que Maria estava nervosa. Porém, eu não sabia se era por que os dois estavam frente a frente com ela e ela teria que matá-los ou por algum outro motivo. Se eu bem a entendia, havia mais a se preocupar...

“Meu nome é Maria, e venho propor um acordo!”

O mais baixo a encarou, mas não respondeu de prima. O mais alto, com ar de sábio, pôs as mãos nas têmporas e tomou a iniciativa.

“Sim, eu sei que você é a Maria...” ele disse e todos, não só, ficaram boquiabertos. “Sim, querida, eu sei tudo sobre você. Sei tudo sobre seu passado. E também sei quais as suas intenções sobre esse acordo. E já respondo: não!”

Olhei para Maria que o encarava corajosamente. Admito, eu admirava isso nela!

“Pois então vocês sofrerão com as consequências!”

Assim que ela disse, todos os vampirinhos do outro lado rosnaram em desagrado com a reação. Eles não queriam brigar, mas se fosse preciso, eles fariam...

Sem entender, o mais baixo entrou na frente e fez sinal para que todos sossegassem. Veio até próximo a Maria, ficou andando ao seu redor olhando de baixo para cima, analisando cada parte de seu corpo, cada fio de seu cabelo, cada poro de sua clara pele.

Ela não estava com medo. Ele não estava com medo. Eu estava com medo. Se ele fizer algo a ela, juro que não sobrará um fio de cabelo para contar histórias.

Ela continuou parada como se fosse uma estátua. Mal respirava, coitada!

Ao mínimo espaço de um segundo, ele a golpeou na panturrilha. Desequilibrada, ela caiu de joelhos no chão. Instintivamente, fui para cima do velhote careca. Nem soube direito o que aconteceu, só sei que quando terminei com o velho, havia pedaços de corpos para tudo quanto era lado – com exceção da cabeça do velho, que jazia em minhas mãos separada de seu corpo morumbento.

Me virei para Maria, que ainda continuava ao chão, e então lhe disse tentando a deixar calma.

“Maria, vá com Nettie e Lucy se proteger da batalha. Nós daremos conta deles. Somos soldados e eles não.”

Sem pestanejar, ela se levantou correndo e puxou pelos pulsos Nettie e Lucy.

Olhei à volta e vi os pequenos borrões brigando pela região daquela rua. Não havia ninguém além de nós. Uma rua deserta para os vampiros brigarem à vontade! Estes humanos estão cada vez mais espertos!

Cada encontro de borrões, um estrondo forte. Talvez como trovões, ou posso dizer como um grande deslizamento de terra ou acidente de trem, principalmente quando ambos se chocam de frente.

Não tenho palavras para descrever... é tudo muito... vampirístico demais! Se você não é um vampiro e nunca entrou numa guerra de vampiros, não entenderá o real significado dessas coisas... nunca saberá... Adjetivos não são suficientes nessas horas...

Mal se passaram dez segundos de quando eu me vi com a cabeça do velho em mãos, eu senti uma bela de uma mordida em meus bíceps. O cheiro de sangue fresco escorrendo me encheu a garganta de veneno. Ah como era delicioso este aroma – só não me atraía saber que este cheiro em particular vinha de mim, não do velho à minha frente.

Rapidamente, senti que os dentes já não estavam mais cravados em meus braços. Olhei para meu braço direito para saber qual era seu estado. O ferimento já estava se fechando, mas ainda havia muito sangue correndo por ali. Quem havia feito aquilo não foi um vampiro expert em mordidas... era um novato. Um novato desgraçado!

Olhei para o infeliz que me havia feito aquilo... ah, ele iria pagar por aquilo. Eu gostava dos meus bíceps... e dessa camiseta também!

O moreno de cabelos enrolados apenas deu um sorriso de canto e correu para longe. Lloyd foi atrás deles, mas eu não podia deixá-lo pegar esse. Havia mais para se pegar, e estávamos em vantagem: éramos vinte e três soldados (logicamente que Maria, Nettie e Lucy não estavam lutando) contra nove recém criados e o outro mais velho.

“Lloyd, vá atrás de outro! Este é meu!” gritei.

“Ok” ele apenas respondeu. Parou em seguida e correu ao oposto de onde estávamos indo.

Continuei perseguindo o infeliz daquele moreno, mas não pude chegar perto o suficiente de primeira. Percebi que ele tinha os olhos de um vermelho muito vívido – provavelmente, MEU sangue. Ele era um recém nascido. Um recém bem recém vampiro nascido. Ele era rápido, sim, verdade, mas não tinha o MEU poder...

Lancei-lhe uma tentadora onda de tranquilidade – e nem eu mesmo sabia que podia tanto. Aos poucos, percebi que ele já não tinha forças contra mim. Ele era forte e veloz, mas eu era esperto e habilidoso. Esta já estava ganha!

Ainda correndo, consegui pôr minhas mãos em seus ombros. Isso foi o bastante para lhe derrubar com minha força.

Ele caiu, mas levantou rapidamente. Veio a minha direção e então recomeçaram os estrondos naquela rua deserta – não a mesma de antes. Esta era outra, mais ao Sul da cidade.

A sequência dos barulhos poderia fazer com que os humanos se assustassem como se assim acontecesse com uma forte tempestade por perto, mas então me ocorreu que, por aquela região, não tinha escutado sequer um barulho além do tique e taque de alguns relógios.

Então seria realmente uma rua deserta... Bem ao estilo daqueles contos antigos que se passavam no Texas, de confrontos marcados no meio da rua cada qual com sua arma.

Ha!... armas... isso nem ao menos me faz cócegas. Que coisa mais sem graça...

Ao final de exatamente um minuto e dezoito segundos – foi tão fácil que deu para contar o tempo – o tal do homem já caía aos pedaços no chão. Como eu disse, foi fácil.

Em suma, assim que nos encontramos de frente tentamos arrancar a cabeça um do outro – e sim, ele era realmente forte... quase pude sentir minha cabeça dançando no ar. Mas então minha habilidade de manipulação era sempre bem vinda em quaisquer que sejam as situações.

Mandei-lhe uma onda de cansaço, que o fez cair de joelhos.

Pulei para cima dele e cravei minha mandíbula em seu pescoço após puxar com força sua cabeça para o lado pelo cabelo. Com a mordida, um urro de dor ecoou pela rua. Olhei para ele e vi que tinha saído de sua boca aberta. Ele tentou lutar contra meu forte corpo de mármore, mas em vão. Sua face pintada em completo horror foi mudando aos poucos.

Ele tentou se levantar, mas eu fui mais eficiente com minha estratégia de última hora. Após me permitir largar de seu pescoço, posicionei-me bem a sua frente com sua cabeça bem presa em minhas mãos.

“Piedade, por favor... tem apenas uma semana que sou assim...” ele implorou. Mas nada nem ninguém me impediriam que assim eu o fizesse. Ele teria de morrer e seria agora.

“Desculpe, mas não estou acostumado a perdoar fracassados...” e então arranquei-lhe a cabeça – já estava quase acostumado com a ideia de ter sempre cabeças em minhas mãos.

Soltei a cabeça com cabelos encaracolados e negros. Ela caiu no chão e rolou até um canto da rua, a guia. Foi nessa hora que me lembrei daquela frase: “cabeças rolarão aqui!” Seja lá for que disse isso, essa frase coube exatamente com a situação aqui. Mas a verdade é que rolaram e ainda rolarão muitas cabeças...

Puxei seu corpo sem muito esforço e o coloquei em meus ombros – sua cabeça segura pelo cabelo que estava em minha mão esquerda. Corri de volta ao meu ponto de partida.

Ao chegar naquela antiga rua, onde tudo começou, depositei o corpo do novato ao chão sem mais nem menos. Ao cair, ele fez um engraçado som abafado de baque. Coloquei sua cabeça ali perto, e então me assustei ao ver sem querer que seus dedos da mão direita estavam se mexendo involuntariamente.

Nunca soube de nada sobre aquilo. Maria nunca me disse nada, e muito menos Nettie e Lucy, que também eram experientes nessa vida.

Pensei comigo, se a mordida em meu braço se curou, apesar de me castigar com uma bela de uma nova cicatriz pálida, seria possível este homem sobreviver sem sua cabeça? De alguma forma, fazer com que a pele curasse a falta de cabeça?

Assustado com as prováveis hipóteses, resolvi desmembrá-lo de vez. Arranquei lhe os braços e as pernas. Com o ato, suas roupas se rasgaram com um alto barulho. Não pensei duas vezes, juntei tudo o que havia dele ali e joguei na imensa fogueira que havia no centro da rua. Outros corpos estavam sendo jogados ali também.

Corri em direção aos outros que estavam lutando, e resolvi dar-lhes uma forcinha. Ao passar pelos inimigos, eu os tocava mandando ondas de cansaço. Rapidamente eles tinham recaídas, e então eu e o outro vampiro acabávamos de vez com ele. Eu o segurava enquanto o outro lhe arrancava a cabeça e os membros.

Foi assim que, após três longas horas, chamei de volta os nossos soldados. A fogueira já queimava alta, mas ainda restavam alguns corpos no chão. Creio que devo acrescentar que estes corpos estavam sem cabeça – instintivamente olhei para seus dedos, mas nenhum deles se mexia.

Ok, aquele cara em especial devia ter sangue de lagartixa.

“Soldados, agora temos que recolher as pistas. Os corpos que continuarem no chão serão jogados na fogueira. E qualquer pergunta deve ser feita somente a mim” acrescentei após o início de uma conversa frenética.

Um deles, Carl, veio até mim quando os outros ainda não tinham se dispersado para recolher os corpos. Cansado – sim, vampiros conseguem ficar cansados caso não saibam – ele me disse.

“Jasper, temos de jogar também os nossos?”

Nervosismo, medo, horror, dor, cansaço, orgulho... havia tanta coisa passando por ele naquele momento...

“Bem, sim, não podemos deixar para trás qualquer um que seja. Mortos ou quase mortos, nossos soldados ou inimigos, são todos vampiros, caro Carl.”

“Hmmm...” foi a única coisa que ele disse, e então percebi que havia mais a ser dito. Os outros nem se mexeram, pois temiam pelo que eu tinha de saber.

“Por que está assim tenso? Algum problema? O que houve? Maria está bem? E Nettie e Lucy?” eu estava começando a ficar desnecessariamente preocupado.

“Sim, não se preocupe com elas três. Assim que começou a luta, elas três saíram da cidade e Maria me disse que voltariam quando tudo estivesse terminado. Se não voltassem, deveríamos voltar para aquela montanha de onde vimos a cidade toda.”

“Ok, então. Se esse não é o problema, o que é? Por que essas caras?” perguntei a todos, sem preferência.

“Bem” Carl começou, “quatro nossos perderam as cabeças. Apenas um deles foi totalmente desmembrado” – ele ainda estava nervoso. Aliás, ele não... eles.

“Continuo sem entender. São quatro por onze. Foi uma vitória fácil e poucas foram as perdas. Lutamos bem e os que continuam aqui estão bem. Não sei aonde você quer chegar Carl...” lhe disse por fim.

Ele olhou para os outros que agora vinham se postar perto de nós dois. Me olhou de novo indeciso se deveria falar, mas então, pela face, tentou achar a maneira mais fácil de me dizer. Ela inspirou profundamente – tomando coragem – e então deu seu veredicto.

“Um deles era Elliot!”

2 comentários:

Marcela disse...

Só q vampiros ñ sagram, né....

Marcela disse...

*sangram

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