Setembro – 1862
Havíamos conquistado Saltillo e Monclova.
E mais algumas cidades.
Apresento-lhes, o resto do Norte do México e parte do Texas em nossas mãos.
Reynosa, Heroica Metamoros, Torreón, San Fernando, Ciudad Victoria, Piedras Negras, Nuevo Laredo, San Antonio, Austin, San Marcos, San Ângelo, Midland, Abilene, Waco, Killeen, Lodessa e Fort Stockton.
A ganância de Maria era tanta que nem eu fui capaz de pará-la.
O poder a estava deixando cega. Cega e surda, por que muda não era. Mandar era tudo o que fazia de melhor nesses dias.
Eu estava treinando novamente os nossos vampiros. Mesmo tendo perdido alguns recentemente, ocupamos seu cargo com outros.
Gerardo era general sulista. Tinha o dom da força. Ele podia, se quisesse, levantar uma rocha do tamanho de uma montanha com o menor esforço. O que os outros vampiros faziam em vários, ele podia fazer sozinho.
Javier era soldado na base de Austin. Tinha o dom da amizade. Não era muito útil, pois era amigo de todo mundo e conseguia, sem esforço, esconder suas reais emoções de mim. Eu não gostava deste.
Juan também estava na guerra, mas era enfermeiro na base de San Antonio. Tinha o dom de saber o estado físico com apenas um toque. Ao tocar uma pessoa, ele saberia qual seu ponto fraco físico e então poderia o atacar ali – como todos os outros, eu havia lhe ensinado a batalhar.
Marcos não era soldado, mas fazia parte da Polícia local de Austin. Tinha o dom da audição. Tudo, absolutamente tudo, ele ouvia – muito mais que qualquer outro vampiro. Ele ouvia os corações batendo a milhas de distância, podia ouvir uma formiga andando em direção ao formigueiro, ouvia os gritos e até estouros das batalhas do outro lado do Texas – o que podia confundi-lo, mas, eu consegui ensiná-lo a se concentrar no que quisesse ouvir.
E deu certo!
Todos se deram bem em nosso grupo! Éramos vinte e três vampiros novamente, com exceção de Maria, Lucy e Nettie.
Monterrey era a nossa cidade escolhida para nossa “base”. Ficávamos indo de cidade em cidade de tempos em tempos para ver se tudo estava caminhando conforme nossos planos. Assim, comandávamos todas as nossas cidades sem esforço... Até que um grupo do Sul veio nos atormentar.
Já fazia quase que um mês que não íamos, porém, para o Sul de nossa área – pouco mais abaixo de Monterrey.
Exatamente no início da segunda semana do mês, eu estava terminando o treinamento dos nossos recém chegados. Estávamos na parte em que lhes ensino como criar estratégias para ganhar do inimigo.
Maria estava conversando com Lloyd sobre as possibilidades de novos ataques – apesar de que Lloyd dizia que não era uma boa coisa continuar tão depressa ou então ele tentava desconversar.
Lucy estava com Daniel, e Nettie com Carlos Antônio. Ambos fazendo sabe-se lá o quê em sabe-se lá onde.
Eu estava com Gerardo, Javier, Juan e Marcos em uma das ruas largas e quase que desabitadas da cidade. Enquanto conversávamos sobre quais eram os pontos fracos dos vampiros, Maria e Lloyd estavam sentados em uma guia apenas nos olhando ocasionalmente.
Foi então que ouvimos um forte baque na terra – eu pelo menos senti e ouvi levemente bem distante. O som não foi como um trovão ao atingir o solo, muito menos como se fosse algo caindo ao chão. Soou mais como um acidente de colisão entre trens. É como se o choque entre eles fizesse a terra tremer profundamente.
“Você sentiu isso?” Maria perguntou ao Lloyd – que negou.
“Eu senti” lhe disse. Ambos estávamos preocupados com o que poderia ser – os demais apenas olhavam confusos uns aos outros tentando encontrar alguma resposta. “Você ouviu isso, Marcos?”
Ele concordou com a cabeça pensativo.
“Sabe identificar o que é?”
“Sim, é uma explosão. Está havendo algo muito grande na cidade” ele respondeu apreensivo.
“O que pode ter sido?” Maria perguntou também apreensiva.
“A pergunta não é o que pode ter sido ao certo, mas quem fez isso!” dei meu veredicto.
Parei, olhei para o chão e tentei me lembrar de onde é que tinha sentido primeiro o tremor. Meu pé direito tinha sentido o tremor antes mesmo que o esquerdo, pois então o barulho vem do Sul.
Olhei para Maria, que agora estava desesperada com o que poderia ser. Eu podia afirma, com absoluta certeza, que ela estava pensando que eram as pessoas que ela mais tentava fugir: os Volturi. Mas se fossem, não tínhamos mais nada a fazer. Era enfrentar de frente e ponto final.
“Acalme-se” lhe disse emanando uma forte onda de tranquilidade para todos ali presentes.
“Se for os Volturi, Jasper, teremos de enfrentá-los?” Lloyd veio ao meu lado.
“Creio que sim!”
“Teremos alguma chance?” Javier perguntou.
“Sim, somos vinte e três soldados e somos muito fortes e inteligentes. Temos chance de enfrentá-los sim, só não sei se...” – não tive coragem de continuar, afinal, Maria estava em frente a mim, e eu não queria deixá-la desesperada ainda mais com o que pudesse acontecer se eles, os Volturi, interferissem.
“Não sabe o quê?” Gerardo questionou-me.
“Bem... não os conheço e muito menos o jeito que eles atacam!”
“Eu sei” Maria disse amedrontada – mandei-lhes outra onda, agora com um mínimo de felicidade, mas repleto de ânimo e coragem. Que era o que precisávamos. Todos mudaram de postura rapidamente. – “Eles não costumam salvar pessoas. A regra é simples: é não se deixar ser visto. Não há exceções.”
“Mas não estamos sendo visto, Maria!” Juan disse.
“Você não está entendo Juan. Muitas coisas expõem os vampiros. O simples fato de ir se alimentar já faz com que você fique exposto!” ela tentou explicar.
“Então somos expostos todo dia” Javier concluiu. “Mas nunca ninguém veio atrás de nós! O Jasper mesmo nos disse isso!”
“Eu sei Javier, mas é que eu quase fui perseguida uma vez e vi outros sendo perseguidos pelos Volturi.”
“Não sei aonde quer chegar!” Juan disse.
“É simples, Juan” Lloyd começou, “enquanto agimos com cautela e responsabilidade, nada nos acontece. Não é proibido que vivemos contanto que saibamos ficar escondidos do mundo. Eles não podem saber quem somos.”
“Continuo sem entender...” – Juan estava tentando compreender. Coitado!
“Ok” – esta era a minha vez de tentar. – “Nós nos arriscamos vivendo em um mundo no qual não nos pertence. Vivemos entre os humanos. Mas mesmo assim, mesmo sendo algo deles, nós tomamos para nós. As cidades que estamos incluindo no poder de Maria nos deixa expostos.”
“Ah sim, entendi agora. É como daquela vez que você contou que, da última vez, eles entraram no meio por conta das brigas entre vampiros” Juan, por fim, entendeu.
“Sim, e as batalhas entre vampiros são violentas. A nossa pele é muito rígida. Para acabar com nossa espécie, temos de esquartejar. É algo complicado, às vezes” Maria disse, apreensão retornando a ela. “Quanto mais barulho fazemos, mais chamamos a atenção dos humanos. E isso não é bom para nós. Realmente não é!”
“Isso quer dizer então que temos de lutar, não importa com quem formos?” Gerardo disse.
“Isso mesmo, Gerardo” lhe respondi – todos estavam começando a ficar mais calmos conforme a situação estava sendo explicada, com exceção de Maria.
“E por isso, vamos precisar de você Gerardo” Maria disse com as mãos unidas como se estivesse implorando.
“Contem comigo!” – Gerardo era um homem em que todos podiam confiar para esses tipos de trabalhos pesados.
“E conosco também!” Javier disse, se referindo a ele, Juan e Marcos. Todos estavam dispostos a encarar o escandaloso que estava adentrando na cidade.
“Bem” Maria disse pouco mais feliz, “então temos de encontrar todos os outros agora!”
Saímos correndo em nossa velocidade vampiresca – se fossem os Volturi na cidade, já estávamos ferrados do mesmo jeito. Chegamos onde estávamos passando os dias, uma antiga casa de madeira. Entramos, e então, por sorte, encontramos todos já reunidos.
“Que bom que chegaram! Ficamos preocupados com o barulho!” Lucy disse – Daniel tentou acalmá-la com um abraço meio que de lado, mas isso não foi o suficiente. Fato é que todos estavam preocupados. Uma onda de tranquilidade atingiu todos, e então todos se acalmaram – pelo menos, até que a decisão de ir até lá fosse tomada, eles precisariam estar bem calminhos.
“Então, o que faremos?” Nettie perguntou.
“Vocês sabem o que foi o barulho?” Lucy perguntou, Marcos respondeu.
“Uma explosão. Algo muito poderoso!”
Senti que a tensão estava querendo aumentar novamente, então mantive a tranquilidade ali naquela sala.
“Pensamos que pode ser os Volturi” Maria alarmou. Nettie e Lucy se entreolharam. Ambas sabiam que era uma possibilidade muito real de acontecer. Maria estava muito poderosa. O Norte do México estava, praticamente, em suas mãos. Parte do Texas era dela também. A área era imensa. Era muito provável que, mais cedo, mais tarde, os Volturi nos encontrariam.
“Sim, pode ser” Nettie disse.
“E se for, é tudo sua culpa Maria!” Lucy disse.
“Como é que é?” Maria respondeu.
Oh meu deus, por que nunca irei entender as mulheres? Elas estavam bem consigo até agora há pouco. A mudança de sentimento foi tão repentina, e tão bruta. O que é que eu devo fazer?
“Por favor, senhoritas, acalmem-se!” – lá vai outra onda forte de tranquilidade. Sem os ânimos alterados, esta poderia derrubar facilmente o mais forte dos vampiros. “Vamos discutir com calma o que faremos. Tudo sairá bem!”
“Como você sabe, Jasper? Você não sabe o futuro! Ninguém sabe!” Lucy disse ainda irritada. Certo, não irei além do que já estou indo com ela.
“Ok, Lucy. Não sei, mas o futuro quem faz somos nós. As nossas escolhas fazem nosso futuro. E o que escolho, e o que todos devem escolher, é parar de agir desvairadamente e agir com a razão. Se os atacarmos com a estratégia correta, iremos ganhar!”
“E como saber se a estratégia usada é a mais correta?”
“Usaremos a melhor, a que sempre deu certo. Primeiro nos apresentaremos e veremos o que eles querem!” respondi.
“Ah, eu não sei, não! Eu acho que todo mundo aqui já sabe que eles querem é acabar conosco!” Carl respondeu – aquele que tinha a pele rígida mais que qualquer vampiro.
“Mas e se não der certo, mesmo assim? Quantos dos nossos vamos perder?”
“Não sei, já lhe disse que não sei o futuro! Mas temos de arriscar!”
“Ou então fugir!”
“Prefere ser uma covarde, então, Lucy?” Maria veio em meu socorro.
“Não sou uma covarde!”
“Então nos ajude, Lucy. Temos de enfrentar pelo nosso próprio bem” lhe respondi – ela bufou de raiva.
E quando ela ia responder... CABUUM!!! Outro estrondo e um leve tremor no chão.
“Temos de ir rápido ver quem é!” disse a todos.
“Não se preocupe, Jasper. Eu irei!” Lloyd disse.
“Ok, mas tome cuidado. Mantenha distância o suficiente!” lhe respondi.
Ele saiu correndo e então, os que permaneceram na casa, ficaram olhando uns aos outros espantados.
Pouco tempo depois, ele retornou.
“São muitos.”
“Quantos, exatamente?” eu quis saber.
“Dezoito!”
“Mas nós somos vinte e três. Com as senhoritas, somos vinte e seis” Gerardo disse despreocupado.
“Mas não podemos deixá-las lá para lutar. Nós é que somos os soldados, Gerardo. Esqueceu disso? Elas não devem entrar na batalha!” lhe cortei o ânimo.
“Mas quanto mais ajuda, melhor!” ele tentou se justificar.
“Elas só irão lá para se apresentar. Assim que a luta começar, as três irão partir para mais longe possível.” Olhei para as três, que me olharam com uma mistura de nervosismo, ódio, amor e tristeza – até Lucy, que estava discutindo comigo há pouco, estava sentindo afeição por mim. “Elas tem de se proteger! Elas começaram tudo juntas, pois agora terão de fazer tudo de novo! Já haviam sobrevivido antes, agora será o mesmo!”
Todos se olharam chateados – ninguém queria se desfazer, se separar do outro. Nós éramos como uma família, e daquelas bem grandes – por sorte não precisávamos preparar nossa comida. Não era preciso lavar ou cozer.
“Ok” Lucy se conformou. “Vamos ver o que diabos está acontecendo na cidade!”
“É assim que se fala, meu amor! Eu estarei contigo, não te preocupe! Eu irei te proteger!” Daniel tentou encorajá-la – o que não deu muito certo, mas como eu já estava acostumado com o caráter de Daniel, resolvi dar-lhe uma forcinha.
Cheguei perto deles e então enviei à ela uma leve onda de ânimo – apenas à ela. Lucy começou a se sentir bem. Melhorou a postura, ajeitou os cabelos para trás e lhe respondeu com um sorriso. “Está vendo? É só eu ficar perto de você que você já fica melhor!”
Lucy riu.
Não aguentei. Eu também – mas, por sorte, nenhum dos dois percebeu isso.
Fui para o lado esquerdo de Maria – Nettie estava no direito. Maria, sempre à frente do grupo, saiu e pausou. “Marcos, onde estão agora? Dá para você me dizer?”
“Sim.” Ele parou, fez sinal de silêncio para todos para escutar com mais precisão, e então disse: “Ao Sul da montanha ao centro da cidade!”
Maria não hesitou. Saiu correndo naquela direção. Todos os outros a seu encalço.
1 comentários:
cara
os Volturi entratam msm na historia heim.. ahahahaha
tem haver com aquelas viagens que eles faziam pra expurgar os recem criados crianças, né... amo essa fic!!!
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