Ao chegar lá, na montanha ao centro da cidade, nos encontramos com dezoito pessoas más vestidas – como se nós estivéssemos bem vestidos, não?! – que avançavam sem dó, nem perdão dos que estavam ali perto.
Um deles, o mais forte, que parecia ter uns dois metros de altura e músculos o suficiente para quebrar no meio o planeta inteiro, arrancava da montanha rígidos blocos de pedras e os arremessava contra casas.
Olhei para Maria assustado. Aquilo não era algo que eu esperava ver dos Volturi.
“Você nunca me disse que os Volturi acabavam com a cidade que os vampiros dominavam!”
“Simplesmente pelo fato deles não fazerem isso!” ela me respondeu curiosa.
“Então...?” Nettie começou, mas não conseguiu terminar. Todos estavam confusos.
“Eles não são os Volturi!” Maria disse séria, e percebi que todos relaxaram demasiadamente – com exceção dela mesma. O que me intrigou.
“Algum problema com isso, Maria?” lhe questionei preocupado, todos pararam para ouvir.
“Não são os Volturi, mas se continuarem assim, vão fazer com que eles apareçam de verdade para nós!”
Engoli em seco. A situação não era boa, e só tinha melhorado parcialmente. E quando melhorou, a sensação de esperança foi embora rapidamente. Foi embora com a fria brisa que soprava por nós. Até o vento aparentava saber que algo muito violento estava para acontecer.
“O que faremos então?” Lucy quis saber.
“Iremos saber quem são eles e o que querem. Eu irei à frente, vocês fiquem atrás de mim dando cobertura!”
Concordamos e então partimos seguindo Maria.
Ao perceber que estávamos chegando, um homem por volta de seus trinta anos fez sinal para que todos parassem – mais especificamente o grandalhão que estava prestes a arrancar outra rocha gigantesca.
“Ora, ora, eles apareceram!” o senhor disse, e todos riram. Havia ganância nele, assim como havia em Maria nestes últimos dias, semanas. Ok, meses...
“Quem são vocês?” Maria perguntou rígida.
“Meu nome é Ramón, e esta é minha companheira, Margarita.”
“O que vocês querem aqui? O que pensam que estão fazendo?” Maria os encarou.
“Bem, queremos esta cidade. Esta além de todas as outras que já pegamos de você abaixo de Monterrey.”
Maria ficou incrédula. Eu também. Nem foi preciso olhar a volta para ver que todos de nossa família também ficaram. Todo o tempo que não passamos por lá, deixou as cidades expostas aos ataques inimigos.
Eles tiveram a chance de capturar nossas cidades sem o menor esforço.
“Vocês se apossaram de minhas cidades?” Maria perguntou furiosa.
“Sim, nos apossamos por que ninguém estava lá protegendo. Você é descuidada, não querida?!” ele a provocou. “Pelo que aparenta, não é boa líder.” Oh ow, isso só pode acabar de um jeito ruim, muuuuito ruim.
“Quem decide se sou boa ou má líder sou eu, não você! Você não me conhece!”
“Não conheço, mas já ouvi muito de você minha querida! Mandei alguns de meus filhos te espiar por um tempo. Acompanhamos cada passo seu. Conheço cada estratégia sua! Não há por onde fugir!”
Senti que estava sendo encarado, não pelos inimigos – pois era óbvio, estavam a nossa frente –, mas pelas costas. Olhei e percebi que era Lucy. Ela simplesmente me deu aquele olhar: “eu te disse que precisávamos de um plano de estratégia novo.”
“Não vou fugir. Não sou de fugir! Não sou de roubar os que estão virados de costas. Não sou covarde!” Maria os enfrentou.
“Não roubei os que estavam de costas, apenas possui o que estava desocupado!”
“Como ousa dizer isso de minha propriedade?”
“Não havia nenhuma placa dizendo que era seu, querida!”
“Ah, não havia? Desculpa a minha falta de bom senso. Mas não se preocupe, eu garanto que ela terá uma em breve!”
“Ah, que ótimo que seria. Mas é uma pena que...”
Maria estava tão brava que mal o deixou terminar. “Sim, é uma pena que você terá sua cabeça exposta bem ao lado desta placa!”
E então ela o atacou. Ela estava realmente muito brava!
Ao mesmo instante que ela partiu para cima dele, todos fomos de encontro uns aos outros.
Não prestei atenção ao que ocorria à minha volta. Minhas prioridades eram: primeiro, combater com alguém, e segundo, ajudar Maria no que ela precisasse.
Mal pude reparar como é que Maria estava se virando com Ramón, pois uma vampira veio até mim. Ela agarrou-me pelos braços, mas então fiz com que a situação mudasse. Entortei-me todo ao ponto de ter meus braços a minha frente – ela tinha-os presos em minhas costas.
A puxei e então a segurei de costas contra mim. Ela conseguiu se desvencilhar de meu abraço mortal. Nos encontramos novamente.
“Que foi? Algum problema?” ela disse.
“Não, é só que não estou acostumado a matar mulheres!”
“Não te preocupe então, pois eu não ligo de matar homens!” ela respondeu ríspida.
Ela segurava meus braços, eu os soltava, eu a segurava, ela se soltava... Provavelmente, estávamos mais parecidos com dançarinos em vez de vampiros sedentos por sangue lutando. A luta mal havia começado, e estava muito boa – esta era uma vampira inteligente, ela sabia como atacar. Se não estivéssemos em “guerra”, talvez até poderia conversar um tempo com ela...
Se não estivéssemos...
E assim foi até que, finalmente, consegui segurá-lo pelo pescoço. Ela estava de joelho ao chão.
“Por favor, tenha piedade!” ela implorou – uma tentativa descontrolada para viver.
“Não foi você quem havia dito que não ligava em matar homens? Por que eu teria pena de você justamente agora?” – eu sei que estava sendo cruel. Cruel até demais...
“Porque... porque... olha... meu nome é Teresa... e meu companheiro irá te encontrar e fará você ficar em mais pedaços que qualquer outra coisa... e ele se chama Josué... e...”
“Acalme-se, querida” lhe disse manipulando as emoções.
“Estou calma, estranha, mas calma. Por que disse isso?”
“Porque quem manda em seus sentimentos sou eu. E quem manda nos meus, também sou eu! Olha só que ironia do destino, não?!” – sim, eu estava sendo completamente e indubitavelmente muito cruel.
“Mas... não... por favor...”
“Hmmm... você não vale a pena. Desculpe!”
E então lhe arranquei a cabeça do local onde deveria continuar por toda a vida – isso se não fosse um vampiro, logicamente. Eu não iria a perdoar, ainda mais por ser tão mais tirana e infeliz que aquele pobre do Ramón.
Ramón. Eu precisava encontrar Maria.
Mas antes dela, eu precisava encontrar o tal do Josué.
Terminei de esquartejar seu corpo – sem o mínimo de piedade – e então depositei tudo em um monte que estava crescendo ao canto de uma esquina. Olhei rapidamente pela pilha. Mesmo assim, pude ver de relance soldados nossos. Parei e olhei minuciosamente. Juan e Carl não estavam mais entre nós.
Furioso, percorri com os olhos todos os inimigos. Não eram muitos, e em breve partiriam em recuada. Decidi ir até um homem que tinha escapado de um forte golpe de Lloyd, e então correu fugindo. Lloyd não ficou atrás dele.
Eu fui atrás dele. Daquele covarde.
Consegui alcançá-lo pouco após correr meio quarteirão – não era muito veloz, apesar de ser um recém nascido.
“Hey, covarde, pare de correr e me enfrente como homem!” lhe disse rigidamente. Ele parou e então olhou para trás.
“Do que é que você me chamou?”
“De covarde! Por quê? Você é um vampiro com má audição?” o provoquei.
“Você está mexendo com a pessoa errada!” – não sei se ‘errada’ seria a palavra correta. Com certeza, ‘furiosa’ ou ‘perigosa’ encaixaria muito bem na frase.
“Será que estou mesmo?” respondi rindo. Então, por mais assustador e rápido que tudo foi, senti uma forte dor em meu corpo. Uma dor muito, mas muito forte. Era como se todos os membros de meu corpo estivessem se torcendo ou pulando para fora de meu corpo.
Meus músculos se contraíram como se estivessem em luta consigo mesmo. Minha face se turvou em uma expressão terrível de dor, talvez um pouco de pânico. Mas meus pensamentos ainda estavam ali.
Sem abrir os olhos, senti seus sentimentos. Ele estava realmente intrépido – acreditava que era bom o suficiente para ir contra mim.
A dor aumentava. Agora tudo que estava dentro de mim, meus órgãos, pareciam querer sair pela própria pele. Pele que, aliás, parecia que iria rasgar a qualquer momento. O show de horror poderia acontecer, mais cedo ou mais tarde! E essa não seria uma cena muito educativa para ser exibida por aí...
Então, em um milésimo de segundo, quando pensei que meu cérebro não funcionava mais, a dor diminuiu. Eu estava deitado ao chão – quando é que fui parar ali? –, e olhei para o outro vampiro. Era ele quem agora sentia dores e estava de joelhos ao chão.
Percebi então o que estava acontecendo com ele – ou quem estava fazendo isso com ele.
“Por favor... pare!!!” ele implorou – esses vampiros gostavam de implorar, não?! E eu gostava de relevar as suas súplicas! Ok, essa eu deixaria passar...
“Ok.”
Ele pode, enfim, respirar com calma e se levantar.
“Deus, você faz o mesmo que eu?”
“Depende do que você faz! Eu não costumo fazer as pessoas sentirem como se tudo em você está prestes a explodir!”
“Eu senti o mesmo, mas nunca senti de mim mesmo. Foi exatamente a mesma coisa que senti!”
“Ora, Ok, então. Você vai ficar aqui falando de dons enquanto tem uma batalha ocorrendo ali atrás?”
“Qual seu dom?”
“Nem vem...” – eu estava desconfiando dele. Ele estava feliz demais para o meu gosto. Feliz e surpreso. Isso não era coisa de se ver todo dia após uma sessão de tortura, sabe?!
“O meu é de causar dor física e mental nas pessoas. O seu é o mesmo?”
“Não, mas eu manipulo as emoções das pessoas!”
“Nossa, então você pode...” – o interrompi, não estava gostando dele!
“Eu posso acabar com você em um instante!” disse já saltando sob ele após mandar-lhe uma alta dose de cansaço. Ele caiu para trás e então, sua fraqueza, me deixou com sua cabeça em mãos.
CLACK... POUFF...
Sua cabeça rolava solta do corpo ao chão – isso me fez lembrar aquele procedimento tempos atrás com Maria.
Terminei de arrancar-lhe os membros e então os juntei novamente – da próxima vez apenas deceparia e levaria o corpo perto da pilha para então o esquartejar. Com o corpo inteiro era mais fácil de levar para o fogo.
Percebi que a pilha de membros tinha aumentado drasticamente.
Então me lembrei novamente de Ramón e de Maria.
Saí correndo em busca dos dois, mas não os encontrei. Comecei a me apavorar com a possibilidade de Maria jazer morta naquela imensa pilha de corpos.
Passando por entre algumas batalhas, encontrei Lucy sentada toda encolhida por trás de um grande barril de água. Ela estava completamente apavorada. Apavorada o suficiente para sequer andar.
Fui até ela preocupado. Talvez ela soubesse algo de Maria.
“Lucy” disse, o que a fez assustar. “Acalme-se.” Uma boa dose de tranquilidade para Lucy? Com certeza! “Por que continua aqui?”
“Obrigada, Jasper. Estou sozinha, e estou... pelo menos, estava com medo. Não vi Daniel e nem Nettie. Você os viu?”
“Não, na verdade não. Você viu Maria?”
“Também não” ela disse após pausar. Ela me olhou inquieta com a situação. “Você acredita que eles... podem?” – ela não teve coragem para continuar.
Compreendi rapidamente o que ela estava querendo dizer.
“Espero que não!”
Me levantei. Ela ficou aflita com o que eu iria fazer, então resolveu me bloquear antes. Ela se levantou e então se postou bem a minha frente.
“Aonde você vai?”
“Procurar por eles?”
“E vai me deixar sozinha de novo, Jasper? Por favor!” ela suplicou – mas essa eu tinha o dever de aceitar a súplica. Não era inimiga!
“Ok, então vamos para casa!”
Fomos correndo em direção do mesmo local de onde tínhamos partido. A casa continuava inteira, como eu esperava que estivesse – meus pertences continuavam lá, e eu não queria perdê-los. Alguns eu tinha ganhado de Maria, Lloyd e Nettie.
Chegando lá, entramos e encontramos Nettie com Maria a seu lado. Corri desesperadamente para ela e a abracei. Após soltar um leve gemido, percebi que ela estava ferida.
“Maria, está tudo bem contigo?”
“Sim, não foi nada! O maldito do Ramón me distraiu por um instante e então a sua mulherzinha veio e me mordeu. Logo, logo estará fechada esta ferida. Não te preocupe comigo!”
Ufa, pensei comigo mesmo. Maria estava bem. Olhei para Nettie.
“E você? Como está?”
“Bem. Obrigada.”
Ufa triplo. Maria, Nettie e Lucy estavam bem umas com as outras.
“Ok. Fiquem aqui escondidas na sala. Se alguém chegar, logo saberão. Não saiam daqui, a não ser que algum inimigo venha de encontro a vocês. Irei encontrar com o resto dos nossos.”
Mal as ouvi responder e já estava correndo novamente ao local de onde tinha vindo. Mas, para meu espanto, todos já tinham partido. Os que restaram foram apenas quinze. Quinze de vinte e três.
“Esta luta foi difícil, Jasper” Gerardo me deu o ‘bom-retorno’ (é como se fosse as boas-vindas, sabe?!).
“Eu sei disso. Perdemos muitos. Nunca havíamos perdido tantos em uma só luta!”
“Entendo.”
“E é pior ainda ouvir essas verdades vindo de você, Gerardo” Marcos chegou perto de nós. “Você é mais forte que três de nós juntos.”
“É... mas, não sei... esta foi árdua...” Gerardo continuou.
“O grandalhão da pedra continua vivo?” Marcos o questionou.
“Não, eu e Lloyd conseguimos fazer pedacinhos dele!”
“Ótimo” comemoramos eu e Marcos juntos.
“Então vamos, temos de voltar a nossa casa para ficar com as mulheres!” ordenei a todos.
1 comentários:
É estranho ver o Jasper matando todo mundo, mas estou gostando da FF. Só esperando para ver o dia que ele achará a Alice! :-)
A propósito, com curiosidade pra saber qual será o fim da Maria! Hauahauahua!!
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