Solitário - Capítulo 52: Tentativas Frustradas

Sozinho.

O vento quente batia em rosto. O Sol continuava a pino. E eu aqui, sem ter nada para fazer...

O vazio não foi preenchido em mim. Algo estava faltando, e não era sangue, pois o vazio só aumentava toda vez que eu me alimentava.

A depressão não desaparecia. Eu não sabia mais o que fazer... Eu não tinha mais o que fazer, além de ficar aqui esperando que o mundo parasse de conspirar contra mim...

Mas eu não conseguia simplesmente ficar esperando. Nada acontece assim, nada cai do céu – com exceção da chuva e dos raios. O resto, eu teria de conquistar por mim mesmo. Eu era um soldado, um valente soldado, e teria de fazer algo.

Decidi tomar alguma atitude.

Já tenho uns oitenta anos de conhecimento, e apesar disso, ainda acredito não saber nada. Ou pouca coisa.

Eu conhecia o mundo dos vampiros, mas tudo o que eu sabia era o que Ma... O que “ela” tinha me ensinado, e a minha vida longe “dela” já tinha feito com que eu enxergasse que há muito ainda para aprender.

Olhei para uns gravetos e pequenas rochas que estavam ali perto.

Estava tudo tão calmo, tão propício. Por que esperar mais?

Fui até eles. Não pensei duas vezes, e comecei a mastigá-los – pelo menos, os gravetos. As pedras eu quebrei em pequenas e fui engolindo-as. Quem sabe daria certo se eu fizesse assim?

Assim que aquele pouquinho acabou, procurei por mais e encontrei mais algumas pedrinhas a alguns metros. Corri para lá, e no caminho pude sentir tudo se balançando dentro de mim. Era uma sensação estranha, mas interessante.

As quebrei em pequeninas com minha mão, e as engoli.

Uma árvore estava próxima o bastante para me oferecer o conforto de sua sombra. Eu estava de barriga cheia, e não ligava mais para o Sol nessas horas. Eu queria apenas sombra e descanso. Talvez, vento fresco.

Acomodei-me na raiz da árvore. Deitei e fechei os olhos brincando novamente com a ideia de dormir. Com os braços atrás da cabeça e os pés sob outras raízes, tentei me desligar de tudo o que acontecia.

Eu ainda ouvia alguns animais se movendo bem distante dali. A água corrente também era perceptível daqui.

Uma folha seca caiu, e nela havia um pequeno lagartinho. Ele era molenga e asqueroso, mas mesmo assim fiquei brincando com ele. Até que uma dor profunda tomou parte de meu corpo, começando pelo estômago – ou o que eu acreditava ser o estômago.

Ok. Eu não deveria ter ingerido as pedras e os galhos.

A dor continuava cada vez mais forte.

Deus, o que eu faria para isso parar? Tentei o mesmo método de quando estive no rio, mas não deu certo. Nada saiu! Eu estava encrencado, sem dúvida alguma!

Comecei a correr pulando entre uma rocha e outra, mas quanto mais eu corria, mais a dor aumentava. Caí de joelhos com os punhos fechado em frente a minha barriga, eu não acreditava que a morte era tão dolorosa assim. Da última vez, quando me transformei em vampiro, a dor não foi tanta assim.

Eu tinha de fazer algo! De novo!

Tentei então pelo método mais doloroso. E se der certo? Quem sabe?!

Levantei-me e cai de cara no chão, sem amortecer a queda com as mãos. Tudo doeu. A rocha abaixo de mim fez um estalo, mas consegui distingui-lo de pequenas rochinhas se quebrando em mim também.

Tentei novamente fazer com que elas saíssem. Alguns galhinhos e farelos de pedra caíram. Eu estava tendo algum sucesso, já!

Resolvi fazer algo pior. Eu sabia onde as pedras estavam dentro de mim – era só chacoalhar um pouco o corpo –, sabia que se eu as esmagasse, elas sairiam, e também sabia que eu tinha força para forçá-las a sair.

Só me restava mais uma alternativa.

Comecei a me socar no estômago, forte o suficiente para ouvir sons surdos de pele contra pele, e alguns barulhinhos de objetos se moendo. Aquilo era assustador e eu estava completamente arrependido de ter feito aquilo.

Gastronomicamente arrependido de ter feito aquilo, para falar a verdade.

Tive outra ideia. Resolvi correr para o rio e deixar que toda a água entrasse novamente – agora não deixaria mais entrar no nariz.

Engoli o máximo que pude o mais rápido possível – eu ainda teria que fingir que estava tudo bem quando Peter e Charlotte voltassem. Nessa hora, eu esperava com todas minhas esperanças que eles estivessem bagunçando alguma rocha por aí, e demorassem muuuito!

Assim que senti tudo dentro, fui para a beira do rio e tentei fazer com que tudo saísse. E não é que deu certo? Fiz muita força, mas saiu... Senti um alívio!

Eu sabia que não tinha mais nada ali dentro, e estava grato por ter este rio por perto!

Respirei aliviado, mas então, a situação complicou.

Sangue.

Um senhor vestido com uma roupa verde escuro vinha em minha direção – Deus, que ele não tenha presenciado a cena! Eu estava tão preocupado com minha situação, que nem reparei se havia pessoas por perto! Mas também, quem é que viria a um lugar destes? Por que ele veio?

Desde que chegamos aqui, ninguém vinha aqui embaixo. As pessoas apenas olhavam as montanhas rochosas de longe, nas beiradas das pistas, das estradas...

Ele chegou mais perto, e tentei me concentrar em não atacá-lo, mas já era tarde, o cheiro de seu sangue estava fazendo com que o veneno se acumulasse em minha boca. Eu estava prestes a entrar em pânico.

“Boa tarde, rapaz!” ele disse confuso – ninguém realmente deveria vir até aqui...

“Boa... tarde... senhor!” cuspi as palavras – estava difícil de falar com o veneno ali.

“Está tudo bem com você?”

“Sim!” eu menti.

“Eu vi você aqui e vim saber se está tudo bem. Você está com uma aparência horrível, e está um pouco pálido. Está realmente bem?”

“Sim.”

“O que aconteceu com você? Como chegou aqui?” – ah, se eu respondesse você não iria acreditar, senhor... “Seus olhos estão vermelhos. Você deve ter batido a cabeça na queda!” ele disse pensativo.

“Eu... eu... O senhor, quem é?”

“Chamo-me Frank, Frank Greenwalk, guarda florestal da reserva daqui do Grand Cannion! E você? Quem é, rapaz?”

“Sou Jasper Whitlock. Só para saber, o senhor me viu fazendo o quê?”

“Eu vi você saindo da água e cuspindo um monte de água. Você está nadando? É perigoso! Tem muitos pedaços de pedras que caem das montanhas, pedaços de algumas árvores, às vezes até animais mortos.” – Deus, eu entrei na água com animais mortos. Isso me deu um nojo voraz. Eu quase podia afirmar que iria vomitar. “Você está se sentindo bem mesmo? Temos um enfermeiro na nossa base!”

“Não, estou bem. Não se preocupe comigo!”

“Olha, não tenho certeza disso viu, Jasper. Você está muito pálido. Vem” ele disse já se agachando ao meu lado, “você precisa de cuidados!” Ele pegou minha mão e passou o meu braço sobre seu ombro direito. Ele me ergueu com um pouco de dificuldade no começo, então resolvi cooperar. “Você está realmente mal, rapaz. Suas mãos e seu corpo estão muito frios!”

“É que, na verdade...”

“Não, por favor. Não fale muito mais, você está doente e precisa de cuidados. Irei levá-lo até a base para que o enfermeiro cuide de você!”

“Mas eu não posso...”

“Por que não pode? Estava de viagem e caiu aqui? De onde você é?”

“Sou de Houston.”

“Texas?”

“Aham...” concordei com a cabeça.

“E o que faz aqui tão longe de casa? Você é tão jovem, rapaz...”

“Não sou jovem!”

“Sim, claro, assim como eu não sou velho!”

“Não, é que...”

“Por favor, acalme-se. Em breve você estará sob excelentes cuidados!”

“Mas eu não preciso” me desvencilhei de seus braços.

“Mas é claro que precisa! Não me obrigue a te levar!”

“Você não pode me obrigar!”

“Lógico que posso. Sou o guarda da reserva e tenho poder para te levar a força, se for necessário!”

“Não, não tem” disse sombrio. Ele ficou paralisado, olhando apenas em transe para mim. Pude perceber que os pelos de sua nuca se arrepiaram – isso é comum quando vampiros estão por perto. “Não tem força contra mim!”

Ele estava começando a se amedrontar.

1 comentários:

LETICIA disse...

ei por favor continua pesso encarecidamente que continue. sua fic esta muito boa. ela faz com que eu me enteresse cada vez mais, a historia é muito boa de uma perfeição incrivel...Queria que você continuase sei que não é facil escrever uma fic, MAIS POR FAVOR NÃO PARA. SOLITARIO foi uma das melhores fic que ja li que conta a historia de um personagem da saca crepusculo.

POR FAVOR NÃO PARA!

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