Twilight's Gossip Girl - Capítulo 16: Que será, será!

O que Audrey faria?, pensou Rose, paralisada. Seria ela independente como Bonequinha de Luxo e devolveria-lhe o tapa, ou seria ponderada como Minha Bela Dama e sairía de lá silenciosamente?

Bah, que se foda o que Audrey faria! Ela não precisava pensar no que Audrey faria. Ela era Rose. Deveria agir como Rose e pensar como Rose. O que Rose vai fazer? Eu só tenho que sair daqui. Não aguento mais olhar pra cara dessa vaca.

Rosalie moveu o rosto um centímetro, suficiente para ver a expressão no rosto de Alice. Esta estava mortificada, com a mão tapando a boca, as lágrimas escorrendo pelos olhos pequenos.

Ouviu um soluço baixo, antes que Alice se movesse, e rapidamente passasse por ela, abrindo a porta. Rose ouviu uma exclamação exasperada, passos apressados e depois novamente o silêncio.

Ela ainda não tinha muita consciência do que tinha acabado de acontecer. Alice lhe dera um tapa?

O QUÊ? COMO? QUANDO? ONDE? POR QUÊ?

Então, se isso acima aconteceu com vocês, não se assustem. Sua reação foi igual à minha. Pensei que, mesmo com todas as porcarias que Rose alguma vez já dissera a Alice e vice versa, elas nunca iriam chegar a esse ponto. Mas cá estamos.

Não, gente, sério. Eu estou em choque.

Parece que foi a gota d'água. O fim de uma amizade.

Rose tremia, contendo os soluços, mas permitindo que as lágrimas rolassem pelo seu rosto. Podia sentir os vasos sanguíneos se dilatando, a pele ardendo. Suas palavras, ainda ecoavam em sua mente, assim como na de Alice.

É só por ser quem você é, Alice.

Sempre vai ser uma vadia oportunista!

Você me enganou pra ter o que você queria.

Tudo não se resumia somente à sessão de fotos. Aquilo foi só o estopim. As palavras contidas na garganta de Rose estavam guardadas fazia muito tempo. Apenas esperando o momento certo, ou muito errado, para virem à tona.

Desde todo mundo do UES se conhece por gente é assim. Alice era sempre a primeira, todos prestavam atenção nela, somente ela conseguia se safar de tudo. Enquanto isso, Rose era a menos inteligente, mais gorda, mais feia, a que sempre se ferrava, a que ninguém ligava.

Até que Alice sumiu.

Assim, como se ela nunca tivesse colocado seus pezinhos delicados neste mundo, Rose era o centro das atenções, o ponto de referência. A rainha absoluta.

Mas é claro que a estraga-prazeres tinha que voltar, arruinar a sua vida novamente, chutá-la para o humilhante segundo lugar, chutá-la para a sombra dos holofotes, de volta para o povão. Rose se tornou novamente parte da estatística.

Por quê?, ela vivia se perguntando. O que custa me deixar aparecer de vez enquando? Por que você tem que ser sempre a protagonista?

Não havia resposta, um raciocínio. Alice apenas era. Só o que acontecia era que todos gostavam dela, ela era contagiante. - Droga, por que as coisas erradas só acontecem comigo? - Alice chorava, enquanto trocava de roupa. O seu vestido tinha tantos babados que ela se atrapalhou, sentou-se no chão e rendeu-se às lágrimas.

Só o que ela queria era esquecer tudo o que acontecera, as coisas ruins que fizera, os pecados que cometera. Ela queria refazer a vida, apagar o passado, virar a página, qualquer que seja a merda da frase de efeito.

Mas por que isso não dava certo? Por que tudo tinha que vir atrás dela como o fantasma dos natais passados, e esfregar na cara dela as traições, a culpa, a hipocrisia?

Ela respirava com dificuldade, o coração batendo descompassado no peito. Uma dor terrível se apoderava dela, uma raiva contra ela mesma.

Alice queria poder sumir, se desligar do mundo. Mas era uma prova viva de que, não interessa o quanto você fuja, seu passado te encontra e te faz sofrer tudo aquilo que fizera os outros sofrerem, mesmo que inconscientemente.

E agora ela estava sofrendo, pois o tapa que dera no rosto de Rose também doía nela.

Alice se levantou e tentou se livrar do vestido, dessa vez com mais afinco. Ela queria sair dali, ir até o Centro Warner e chorar no ombro do irmão. Mas não podia. Se ela fizesse isso, Eric sairia de lá correndo e arrumaria qualquer motivo idiota para banir Rose de NY. E o que Alice menos queria agora era que Rose ficasse com mais raiva dela, afinal, aquela cidade era a única coisa concreta na vida de Rose.

Fora do biombo onde Alice chorava/se trocava, Jazz tentava juntar coragem para dizer algo reconfortante, mesmo sem realmente pensar em nada reconfortante pra dizer.

- Alice...?

Ai meu Deus, pensou ela. Mais essa?

Ela puxou o pano e botou a cara pra fora, os olhos vermelhos e a maquiagem borrada, mas ainda sim linda de morrer. - O que foi?

- Hey... Bem, eu meio que ouvi a briga de vocês

- Jazz, desculpa, não dá pra conversar agora. Eu tenho que achar a Rose e fazer ela me escutar.

Jasper fez não com a cabeça. - Tá, tá. Esquece disse então. Quer saber, eu vou ficar quieto, a não que você queria dizer alg...

A fadinha botou a cabeça pra fora do biombo. - Pega minha bolsa pra mim? - ela encarou-o. - Por favor, fique.

- É só que... - Droga, pensou Alice. Lá vem. - Eu achei que eu faria você rir durante as fotos, e depois a gente ia tirar sarro das suas poses. Pensei que você ia deixar o resto por conta da sua amiga, Rose. Mas ela não parecia feliz em me ver.

Alice juntou as sobrancelhas na testa, e enrugou os lábios. Essa era a forma dela de ficar brava. - Anda logo, fala. Eu sei que você está desesperado pra brigar comigo. Parece que não ouvi o suficiente hoje. Vamos, Jasper, diga.

- Alice eu acho que nem preciso dizer.

Jasper se encostou na parede e Alice encarou o chão à seus pés. - Perdi minha melhor amiga. E agora parece que acabei de perder o cara que eu gosto - ela o empurrou para o lado, forçando passagem, indo para a saída.

- Hey, onde ela está indo? Era pra você a trazer de volta à sessão, não expulsá-la de vez! - a mãe de Rose gritou para ele, que fez uma careta. Jazz lhe deu as costas e andou para longe.

Ele não estava trabalhando ali. E pelo visto, nem era pra ter ter ido. Como ele foi pensar que Alice Brandon prestaria atenção em um Emoboy do Brooklyn, quando seu mundo fútil é tão mais importante importante?

Só tem uma resposta: Não existe resposta. Ninguém nunca sabe o que Alice vai fazer. Coitado, pensou que as rainhas sempre foram alegres e felizes em seus reinos. O que ele não sabe, é que elas têm que escalar até o topo. Não importa em quem elas têm que pisar, ou magoar. A questão é status, não bem-estar.

Mas, o que um outsider sabe sobre nós, quando é somente um outsider?

Flagra: Estourou mais uma guerra no UES, e parece que ambas as rainhas foram feridas. Mas o movimento de um peão pode fazer toda a diferença.

Rose ainda não tinha saído do prédio. Aliás, nem saíra da sala onde ela e Alice brigaram. Ela estava sentada em um canto, encarando os próprios joelhos. Sem pensar em nada especificamente.

Ela ouviu passos no corredor. Ah, ótimo. Aposta quanto que é a minha mãe? Ela vai gritar comigo por ter deixado Alice ir embora, depois vai me mandar buscá-la.

Porém, para a sua total incredulidade, Jasper passou pela porta, sem nem olhar lá dentro. Mas depois de dois segundos ele voltou, de ré, e parou sa soleira. - Rosalie - cumprimentou-a.

Rose acenou com a cabeça e, mesmo aquilo não sendo uma permissão para se aproximar, Jasper entrou na sala e sentou-se no chão ao lado dela. Em situações normais ela não se ficaria perto de alguém assim sem tomar uma antirrábica, mas ela estava tão mal que poderia deixar passar.

Eles se encararam por um momento, antes de Rose apoiar a cabeça nos joelhos e abraçar as pernas.

- Sabe, minha mãe deixou a gente há uns dois meses - Jasper falou. - Mas meu pai e minha irmã não querem acreditar nisso. Eles ainda pensam que ela é uma mãe amorosa, e que só está em retiro artístico.

- E você está me contando isso porque...?

- Pra te mostrar que, mesmo que a pessoa se esforce ao máximo para tentar provar um coisa para os outros, pra ela mesma, sempre uma parte dela vai ficar com um pé atrás.

Rose suspirou. - Está dizendo que por mais que Alice queira parecer mudada, essencialmente ela continua a mesma - Jasper piscou algumas vezes. - Pois é, Emoboy, eu sei o que são mensagens subiliminares. Obrigada pelo conselho, assim mesmo.

Ela se levantou e deu dois passos, mas depois voltou e se sentou novamente. - Mas você tentou mostrar para eles que eles estão enganando a si mesmos?

- Na verdade... - ele parou um momento. - Ontem mesmo eu fui visitar a minha mãe, tomei coragem para dar um ultimato à ela: ou ela voltava pra casa, ou ela sumia das nossas vidas de vez.

- E aí, o que ela respondeu?

Jasper balançou a cabeça negativamente, encarando o chão como se sua vida dependesse disso. - Quando eu olhei para o rosto dela... Eu não consegui dizer nada.

- Por que não?

- Não sei - ele encarou-a por um breve segundo. - Mas eu queria ter dito. Porque mesmo que não mudasse nada, ela ia ter certeza de que eu sabia a verdade.

Rose esboçou um sorriso e foi embora, desta vez de verdade. Ela já sabia o que deveria fazer. Mas aquela "conversa de coração aberto" que tiveram também fez Jasper ver a luz.

Ok. Agora vá para a luz, Carol Ann!

Acho que os planos dos dois envolvem uma certa fadinha... Será? Dããã, você ainda pergunta?

Pare pra pensar

Quando eu era uma garotinha

Perguntei à minha mãe:

"O que eu vou ser?"

"Vou ser bonita? Vou ser rica?"

E ela me respondeu assim:

O que será, será

O que tiver de ser, vai ser

O futuro não cabe a nós saber

O que será, será

Como bem expôs Doris Day em O homem que sabia demais, nós nunca saberemos o que vai acontecer nas nossas vidas.

Por exemplo: hoje você e sua BFF podem estar dividindo uma torta de chocolate, mas amanhã vocês podem estar tão bravas uma com a outra que se esfregam pedaços da torta na cara; até perceberem que, aquele momento, embora divertido, fora tão furioso que vocês esqueceram de que são melhores amigas. E fazem as pazes imediatamente. Mas depois de amanhã brigam de novo.

É assim que as coisas são.

Só não espere acontecer o que simplesmente não pode acontecer, tipo o Papai Noel te dar aquele Burberry que você estava babando na vitrine, se você trabalha como garçonete na lanchonete da esquina, não tem família e nenhum milhonário cego dá em cima de você.

Falando em Conselhos para cada momento da sua vida, fiquei sabendo que alguém por aqui virou conselheiro. Mas o que um outsider pode saber da nossa vida melhor do que nós mesmos? Tudo. Com um ponto de vista menos focado no que pensamos serem nossas prioridades, os outsiders podem acabar dando grandes conselhos sobre você mesma.

Mas não vá achando que deverá cobrar por sessão, Emoboy. Pois mesmo que você possa ajudar de vez enquando, não significa que você é oficialmente um de nós. Nem extraoficialmente.

Podem começar a contagem regressiva, pessoal. Se tudo acontecer como previsto, nossas rainhas irão se reconciliar mais uma vez. E que posso lhes assegurar que não será a última.